Mt 11,25-30
O Evangelho deste domingo está inserido no discurso sobre a oposição ao Reino de Deus. (cf. Mt 11, 20-24) Ao longo da Sua missão, Jesus experimentou inúmeras formas de rejeição. No entanto, muitos corações também se abriram à Boa Nova da Salvação.
O texto inicia com uma grande ação de graças. Que coisas são escondidas aos sábios e entendidos e reveladas ao pequeninos? (v. 25) Trata-se do mistério do Reino de Deus. A grande novidade de Jesus não é entendida pelos orgulhosos, arrogantes e prepotentes, mas pelos mais simples de coração. Os sábios e entendidos são os fariseus, centrados em si mesmos e senhores da verdade. Por outro lado, os pequeninos são pobres, os oprimidos e marginalizados. Enquanto os entendidos se considera autossuficientes e se veem ameaçados pela figura de Jesus, os pequeninos estão com o coração aberto e encontram esperança no projeto libertador do Mestre.
Jesus não é um mero agitador social. Ele é o Filho de Deus. O Mestre não faz outra coisa senão a vontade do Pai. (v. 26) É o próprio Deus de Israel que age em Jesus e confere-lhe toda a Sua autoridade. (v. 27) Ele é o cumprimento da promessa de Deus. Por isso, o Mestre chama para si todos aqueles que estão cansados e fatigados. (v. 28) A Lei que deveria ser libertadora havia se tornado pesada demais. O povo estava sufocado pelas demasiadas exigências religiosas do judaísmo. Os anciões, os fariseus, os doutores e mestres da lei desmembraram os 10 mandamentos em mais de 600 preceitos religiosos.
A adesão incondicional a Jesus é libertadora. (v. 29) Ele assume sobre si a nossa culpa e associa-nos à sua Vida, Paixão, Morte e Ressurreição. É um convite à liberdade de filhos e filhas de Deus. O Evangelho de Mateus possui um diferencial em relação ao relato correspondente em Lucas. (cf. Lc 10, 21-22) O convite é acompanhado de uma exortação: mansidão e humildade. É preciso aprender com o Mestre. O que significa ser manso e humilde de coração? Na compreensão judaica, o coração é o lugar dos sentimentos, das decisões. Ser manso e humilde de coração é ser dócil à Boa Nova de Jesus. A Lei de Deus é garantia de vida. (v. 30) Por isso, Jesus quer transformá-la num fardo leve. Ele é capaz de superar as compreensões equivocadas da lei e conduzir os homens e mulheres ao seu verdadeiro sentido. Para isso, é preciso ter um coração manso e humilde. Não podemos nos acomodar em nossas certezas. A palavra de Deus deve nos transformar. Quem se fecha em suas próprias convicções deixa escapar a oportunidade de viver a alegria do Reino de Deus e experimentar Seu amor misericordioso.