A Liturgia da Palavra deste domingo, Mt 14,22-33, nos revela a presença amorosa de Deus na vida dos homens e mulheres de fé. Não somos um povo desamparado. Deus vem em nosso socorro constantemente e nos dá o dom da fé para podermos ir ao encontro Dele em todo tempo e lugar.
Depois da primeira multiplicação dos pães, Jesus enviou os seus discípulos para a outra margem do lago de Tiberíades, enquanto Ele despedia a multidão. (v. 22) Alguns estudiosos afirmam que Jesus queria dispersar seus discípulos para suprimir a euforia deles diante do grande acontecimento que se dera. No entanto, eu gosto de compreender o gesto de Jesus como mais um dos Seus envios missionários. Segundo o imaginário dos povos antigos, o mar é o lugar onde habitam as feras. Desta forma, podemos imaginar o temor que havia em torno das águas agitadas e misteriosas dos grandes lagos, mares e oceanos. Essa chave de leitura nos permite interpretar a tempestade como as adversidades na vida dos discípulos de Jesus. Ao caminhar sobre as ondas agitadas, o Senhor revela seu domínio sobre toda e qualquer situação que possa atentar contra a vida daqueles que O seguem. (v. 25)
O episódio descrito pelo Evangelho de hoje pode ser aplicado de forma concreta no cotidiano da vida de cada cristão. Há um velho ditado latino que diz “Vivere navigare est”, isto é, “Viver é navegar”. Essa metáfora é bastante interessante e descreve bem a dia a dia dos discípulos do Senhor. Nem sempre as águas do mar da vida estão tranquilas. Frequentemente, temos que navegar por longos períodos de escuridão. Vez ou outra, somos surpreendidos por ondas agitadas. Também não faltam situações em que os ventos parecem soprar numa direção completamente contrária. Contudo, uma coisa é certa: Deus não nos abandona. (v. 25) Quando as noites escuras embaraçarem a nossa visão, quando as reviravoltas da jornada tentarem virar nossa vida de ponta a cabeça ou quando as adversidades da missão tentarem nos impedir de prosseguir no caminho do Senhor, lembremo-nos da fala de Jesus: “Coragem! Sou Eu. Não tenhais medo!” (v. 27) É preciso ter fé. A fé é a submissão incondicional ao senhorio de Deus. Pedro fraquejou na fé, porque confiou apenas em sua própria capacidade. Somos limitados. Sem o auxílio divino, nada podemos fazer. É preciso aproveitar as adversidades da vida como oportunidade de crescimento e amadurecimento na fé. Jesus é o verdadeiro Filho de Deus capaz de nos salvar. (v. 33)
