4ª Tempo do Catecumenato: A Mistagogia

Introdução

Após todo percurso percorrido até aqui, chegamos enfim ao último tempo do Catecumenato, a saber: a Mistagogia.

Para relembrar, tudo começou com o primeiro tempo, o pré-catecumenato que culminou na primeira etapa, o rito de admissão dos catecúmenos. Iniciou-se o segundo tempo, o catecumenato, que por sua vez culminou com o rito de eleição dos catecúmenos. A partir daí iniciou-se o terceiro tempo, o tempo da purificação e da iluminação que foi coroado com a terceira etapa, a celebração dos sacramentos do Batismo, da Crisma e da Eucaristia. E assim, agora chegamos ao quarto e último tempo que é chamado de Mistagogia. Vejamos assim em que consiste este tempo.

Definição

Mistagogia é um termo grego que significa: conduzir ao mistério. A palavra grega “mysterión” é traduzida em latim por “sacramentum”, sinal, em português. Portanto, a mistagogia, aponta para o sinal do sacramento. O mistério é o próprio Deus dado a nós pelos sacramentos.

Dessa forma, mistério, não é o desconhecido, o indecifrável, o que está cheio de segredos, mas antes, trata-se daquilo que é inefável, que é maior do que nós, que nos envolve, que nos salva…e é nele que eu creio.

A mistagogia era, portanto, o período pós-pascal em que o neófito era levado a refletir e interiorizar a realidade nova vivida por aqueles que foram sepultados e ressuscitados com Cristo (cl 2,12-13).

Primeira fase

Esse tempo da mistagogia se dava em duas fases. “A primeira se constituía de uma semana intensiva de catequeses específicas sobre os sacramentos, priorizando os recebidos na Vigília Pascal (Batismo, Crisma e Eucaristia). É um reforço à iluminação acontecida na preparação para a Páscoa. Tudo para adentrarem-se no Mysterión escondido e revelado aos poucos ao iniciado: o segredo de Deus, o seu plano amoroso sobre o mundo e a humanidade, que teve seu momento maior na Páscoa de Jesus”” (Ir. Nery, p. 91) (cf. Ir. Nery. Catequese com Adultos e Catecumenato; história e proposta. Paulus – SP – 2019).

Essa primeira fase tinha a duração de uma semana, onde os neo-batizados e neo-crismados permaneciam com vestes brancas, até o sábado chamado: sábato in albis, quando então eles se desvestiam das vestes externas, porque a partir de agora deveriam estar revestidos de Cristo em seu ser e viver.

Segunda fase

A segunda fase deste tempo então se inicia com o sábato in albis. “O neófito, já iniciado nos mistérios cristãos, integra por completo a comunidade e pode participar da segunda parte da missa, a Eucaristia. Torna-se, assim, eterno catequizando no seio da comunidade, aprendendo e vivendo, cada dia, novas e velhas coisas dos tesouros da fé cristã, dando testemunho no meio da sociedade e ajudando a comunidade a ser evangelizadora, catequizadora, fraterna, testemunha, orante e missionária” ”( Ir. Nery, p. 92) (cf. Ir. Nery. Catequese com Adultos e Catecumenato; história e proposta. Paulus – SP -, 2019).

Pode-se dizer, por fim, que esse tempo da mistagogia não tem fim. A vida cristã inicia, e vai se revestindo cada vez mais de Cristo, até que na glória celeste todas as suas potencialidades se tornem plenas. Ser cristão não é ponto de chegada. É missão e caminho diário, sem fim…

Fonte: Estrela Matutina


Padre Sidnei José Reitz, natural de Rebouças – PR. Sacerdote da Diocese de União da Vitória – PR, foi  Reitor do Seminário Diocesano da mesma Diocese. Atualmente é o Cura da Catedral Sagrado Coração de Jesus e Nossa Senhora Aparecida da Diocese de União da Vitória – PR, Assessor Eclesiástico da Catequese, e membro do Conselho Presbiteral.