Estou lendo um livro de um sociólogo chamado Zygmunt Bauman chamado “Amor Líquido: sobre a fragilidade dos laços humanos” que fala sobre o esforço para manter o amor nas relações diante da evolução do mundo. Quem aqui não tem uma lista de desculpas justificando porque um relacionamento não deu certo que atire a primeira pedra. Talvez eu receba uma ou outra pedrada, mas o fato é que a grande maioria das pessoas já sofreu as consequências desse amor líquido que não tem forma e que escorre por entre os dedos.
São tempos difíceis para as relações amorosas, vínculos familiares e de amizades. Nem preciso terminar de ler o livro para concordar com o Bauman sobre a incapacidade de manter vínculos e a objetificação do outro, descartando-o em uma busca insaciável por algo sempre melhor. Sabe aquela indecisão de querer estar em um relacionamento e ao mesmo não querer estar? Quer usufruir do convívio mas não quer assumir compromissos. Essa é a geração das portas sempre abertas. Os dias são de pessoas individualistas, egoístas e mesquinhos que acreditam que para amar precisam fazer uma pesquisa de mercado colocando na balança vantagens e desvantagens.
Consequências?
No término do primeiro capítulo lê-se: “Quando se é traído pela qualidade, tende-se a buscar a desforra na quantidade”. Relações fluidas geralmente deixam de ser honestas com muita facilidade. É amar acompanhado por uma desagradável incerteza e cercado de confusão. Ao terminar de ler esse primeiro capítulo me lembrei do hino ao amor escrito por São Paulo (I Cor 13) tão usado em celebrações matrimoniais, mas que pode ser aplicado como referência de amor cristão a todas as relações e que faz um contraponto ao amor líquido, nos ensinando a solidez e constância no amor:
“O amor é paciente, o amor é bondoso. Não tem inveja. O amor não é orgulhoso. Não é arrogante. Nem escandaloso, não se irrita, não guarda rancor. Não se alegra com a injustiça, mas se rejubila com a verdade. Tudo perdoa, tudo crê, tudo espera e tudo suporta. O amor jamais acabará”.
Resumindo: o amor líquido nos desumaniza. O que nos torna humanos não é capacidade de pensar, mas a nossa capacidade de amar verdadeiramente.
Bruno Rafael Rosa, É enfermeiro, Professor na Rede Estadual de Ensino para o curso Técnico em Enfermagem. Cursa o 8° período de Psicologia na Faculdade de Tecnologia do Vale do Ivaí, e ministra palestras em pastorais, movimentos religiosos e projetos de evangelização.