Quaresma; jejum, oração e caridade

Passamos o carnaval e damos entrada a quaresma tempo conversão, jejum, oração e caridade, neste dia em que a Igreja celebra, a quarta-feira de cinzas, para nos lembrar da brevidade de nossa vida, para os antigos judeus sentar-se sobre as cinzas já significava arrependimento dos pecados e volta para Deus, este sentido permanece para nós hoje, pois a primeira leitura da profecia de Joel (Jl 2,12-18) nos exorta para voltar com todo o coração para Deus, com gemidos, jejuns e lagrimas, isto é, com todo o arrependimento.

Santo Inácio de Loyola, em seu Exercícios Espirituais, tem como graça a ser pedida da primeira semana, intensa dor e lágrimas, pelos pecados cometidos.

Este arrependimento é tão necessário pois é condição de absolvição do Sacramento da Reconciliação, pois, sem o sincero arrependimento voltaremos a pecar de novo e não vamos nos comprometer seriamente a evitar o pecado.

Deus nos ama e por este motivo deseja que nosso coração esteja totalmente voltado para Ele, pois isso é o melhor para nós, e não é possível voltar o nosso coração a Deus se estamos em pecado, é condição para nós neste dia converter e crer no evangelho. ( Mc 1, 15).

 Quando Deus proíbe a Adão de comer o fruto, Ele diz, “’Não comam do fruto da árvore que está no meio do jardim, nem toquem nele; do contrário vocês morrerão,” (Gn 3, 3) a morte é a consequência do pecado, Deus é misericórdia, ele não nos castiga, porém nossos atos tem consequência. Cada vez que pecamos nos afastamos de Deus não Ele que se afasta de nós. E quando nos afastamos de Deus nos afastamos da fonte da Vida.

Também hoje a liturgia faz referência ao livro do gêneses 3, 19 “somos pó e ao pó da terra voltaremos,” a partir do pecado de Adão a morte veio a nós, não como castigo, mas Deus em sua misericórdia, não nos deu como consequência do pecado um castigo aleatório sem fundamento algum, a morte para nós é de certa forma uma graça, pois ela é o limite, pois com um coração egoísta se não tivéssemos limite muito provavelmente perderíamos a nossa alma também, assim com a morte de nosso corpo, nos damos conta que somos criaturas, que viemos de Deus e para Deus voltaremos.

Porém e necessário escolher, querer voltar a Deus, converter-se. Para nos auxiliar nesta caminhada, a igreja por meio do tempo quaresmal nos ajuda a alcançar a graça da conversão. Sendo o período da quaresma um tempo de jejum, oração e caridade.

            O jejum é para nos submetermos o nosso corpo a nossa alma, para ordenar as nossas paixões, pois a alma deve ser submetida a graça de Deus, iluminada, guiada pelo Espirito de Deus, e não pelo nosso corpo que domina a nossa alma através desejos, vontades e paixões. Pois quando estamos desordenados é as paixões de nosso corpo, desejos, prazeres que nos dominam, somos então guiados por extintos, o jejum é um exercício para ordenar nossos afetos e a nossa alma para Deus.

A oração é o meu relacionamento pessoal com Deus, Jesus mesmo fala, “quando for orar feche a porta de seu quarto e reza ao Pai que esta oculto,” (Mt 6, 6) portanto é nossa comunhão com Deus, mais uma vez se faz necessário para uma boa comunhão com Deus e um encontro pessoal, estar em estado de graça, isto é, sem pecado grave, por isso seria bom para fazer uma boa quaresma já no inicio fazer um bom exame de consciência e consequentemente uma boa confissão, pois um coração sem pecado é o jardim das delicias onde Deus gosta de passear e abitar.

A caridade é voltada para com o compromisso com nosso irmão, caridade significa amor puro ou amor de Deus, portanto devemos nos aproximar de nossos irmãos e e ser o amor de Cristo na vida destes, é um compromisso com o outro, pois uma fé sem atos é vazia, é morta. ( Tg, 2, 17)

Portanto vamos aproveitar este bonito tempo da igreja para nos voltamos de todo o coração a Deus, pois o homem é criado para servir louvar e amar a Deus e enquanto o seu coração não estiver em Deus ele não encontrará o sentido de sua vida e seus coração não estará completo.


Marciliano Camargo de Almeida, natural de Guarapuava-PR, atualmente reside em Santa Maria do Oeste-PR, onde atua como advogado. Fez experiencia vocacional com os Jesuítas, (Companhia de Jesus), onde fez formação e capacitação em espiritualidade Inaciana. Sempre participante e atuante na igreja dando formações, sendo catequista, coordenador de pastorais, e desde 2010 faz parte da liturgia na equipe de canto.