A questão das imagens de Nossa senhora e dos Santos

CRÍTICA DOS EVANGÉLICOS

A Igreja Católica fomenta a idolatria através do uso de imagens, uma vez que a Bíblia Sagrada condena o uso de quaisquer imagens. “Não farás para ti imagem esculpida de nada que se assemelhe ao que existe lá em cima nos céus, ou embaixo na terra, ou nas águas que estão embaixo da terra” (Ex 20,4).

 RESPOSTA CATÓLICA

Os povos do Antigo Oriente cultuavam muitos deuses que julgavam estar em cima nos céus, embaixo na terra ou nas águas. E representavam essas divindades através das imagens. Constituía um desafio para os israelitas preservar a fé no único Deus, frente às práticas dos povos vizinhos. Por isso a legislação bíblica recomendava: “Ouve Israel, o Senhor nosso Deus é um só” (Dt 6,4). Para manter a pureza da fé, os escritores sagrados proibiram taxativamente quaisquer imagens e reapresentações da divindade. A intenção era guardar o povo do pecado da idolatria, o que desviava sua fé no Deus de Israel.

Todavia, quando as imagens não eram representações dos falsos deuses adorados pelos estrangeiros, a mesma Bíblia as reconhece como normal. Moisés fez a arca da aliança e colocou sob ela duas imagens de querubins, símbolos da glória de Deus: “Farás dois querubins de ouro, de ouro batido os farás, nas suas extremidades do propiciatório” (Ex 25,18). O mesmo Moisés esculpiu uma serpente de bronze, como símbolo de cura. “Moisés, portanto, fez uma serpente de bronze e a colocou em uma haste; se alguém era mordido por uma serpente, contemplava a serpente de bronze e vivia” (Nm 21,9). E o rei Salomão embelezou o templo de Israel com pinturas de querubins, leões e touros (1Rs 6,23-30; 7,40.44-46; 2 Cr 4,1-4).

Como se vê, quando as imagens estavam associadas aos deuses estrangeiros, a Bíblia as proíbe. Mas quando se tratavam de objetos para sinalizar a glória de Deus, a Bíblia as admite. Trata-se de um grande erro de muitos crentes imaginarem que Deus proíbe quaisquer tipos de imagens, sob pretexto de pecado. A preocupação dos escritores sagrados era evitar o contato do povo com os deuses pagãos, cultuados pelos estrangeiros e que influenciava os israelitas.

Uma vez que Jesus veio viver em nosso mundo, ele se fez imagem do Deus invisível, assumindo nossa carne. Ciente disso, a Igreja entendeu que estava aberta a possibilidade de representar nosso Senhor Jesus Cristo. Do mesmo modo também a Igreja entendeu que era possível, através das sagradas imagens, representar os santos que viveram em nosso mundo.

Essas imagens não ocupam o lugar de Deus nem são objetos de adoração. Elas são expostas em nossas casas e igrejas como símbolos que nos ajudam a lembrar os nossos heróis na fé, nelas representados. Sua finalidade é sempre catequética.

São Gregório Magno (séc.IV) nos deixou uma bela reflexão sobre a função catequética das imagens na Igreja. “Uma coisa é adorar uma imagem; outra é aprender, mediante essa imagem, a quem se dirigem as tuas preces. O que a Escritura é para aqueles que sabem ler, a imagem o é para os ignorantes; mediante as imagens, eles aprendem o caminho a seguir. A imagem é o livro daqueles que não sabem ler” (BETTENCOURT, E. Católicos perguntam. São Paulo: O Mensageiro de Santo Antônio, p. 09, 1997).