Reflexão Litúrgica: Quarta-feira, 01/06/2022,
VII Semana do Tempo Pascal, Memória de São Justino, mártir
Na Liturgia desta quarta-feira da VII Semana do Tempo Pascal, vemos, na 1a Leitura (At 20,28-38), que o apóstolo Paulo continua o seu discurso de despedida aos anciãos líderes da Igreja de Éfeso que deverão substituí-lo como sucessores de levar adiante a missão dos apóstolos. Paulo dá as últimas instruções e relembra aos anciãos que eles foram colocados pelo Espírito Santo como guardiões do rebanho. Estes anciãos convocados são chamados em grego de ‘presbíteros’, e também de ‘epíscopos’, termos que ainda hoje designa os padres e bispos da nossa Igreja.
O apóstolo Paulo coloca diretamente seus ouvintes ante a responsabilidade e as obrigações de sua missão, e exprime os motivos últimos sobre os quais funda o caráter sagrado do ministério pastoral. É uma motivação trinitária: sua missão vem do Espírito Santo e diz respeito à Igreja, que o Pai conquistou pelo sangue de seu filho Jesus Cristo. Entre as recomendações, destaca-se: não cobiçar nada de ninguém, dar testemunho verdadeiro e ajudar os irmãos mais fragilizados da sociedade, mas antes de tudo a vigilância, não apenas entendida como ação inquisitiva e censória perante inimigos internos e externos que ameaçam a vida da comunidade, mas, sobretudo, como disponibilidade dos pastores a se dar a si mesmos, noite e dia, pelo bem do rebanho, a ponto de imitar o bom Pastor na doação da própria vida. Paulo exalta a confiança no poder da Palavra de Deus e de sua graça. É tal este poder que ele não confia a Palavra aos pastores, como deveria fazer numa transmissão de poderes, porém confia os pastores ao poder da Palavra.
No Evangelho (Jo 17,11b-19), Jesus continua sua oração sacerdotal direcionada ao grupo dos apóstolos. Pede ao Pai que os conserve na unidade, que sejam preservados de todo mal e santificados pelo anúncio da palavra que é a verdade.
Os discípulos vão continuar a missão de Jesus. A missão deles, porém, não é sair do mundo, e sim permanecerem unidos, presentes no meio da sociedade dando testemunho de Jesus que não comungou com os esquemas dominantes da sociedade, baseados no ódio e na mentira. A experiência da ruptura com o mundo será constante, e será preciso resistir a suas ofertas e ameaças, o Pai os protegerá e eles vencerão o mundo, assim como Jesus: “Eu disse essas coisas para que em mim vocês tenham paz. Neste mundo vocês terão aflições; contudo, tenham coragem. Eu venci o mundo” (Jo 16,33).
A unidade pela qual Jesus reza não é só a dos discípulos e cristãos entre si, mas também a unidade de que ele é alma e fundamento: unidade entre Ele e o Pai. Assim os cristãos encontrarão nesse espelho, refletindo-se neles mesmos, o verdadeiro e último fundamento de sua unidade.
Desde quando o Cristo veio, desde quando pronunciou esta oração a humanidade tem o dever e a esperança de trabalhar firmemente pelo ideal da unidade, como por algo que, embora ainda hoje encontramos desafios, nem por isso é um amanhã inatingível: é uma realidade que já fermenta no coração de todos os filhos de Deus.
Rezemos pela unidade dos cristãos, mas acima de tudo sejamos unidade no amor, se queremos um dia participar da vida eterna, temos que aprender a viver unidos aqui neste mundo como uma só família, em comunhão, pois no entardecer da nossa existência seremos chamados numa única direção, esta direção é a casa do Pai.
Boa reflexão e que possamos produzir muitos frutos para o Reino de Deus.
Padre Leomar Antonio Montagna é presbítero da Arquidiocese de Maringá, Paraná. Doutorando em Teologia e mestrado em Filosofia, ambos pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUCPR – Câmpus de Curitiba. Foi professor de Teologia na Faculdade Missioneira do Paraná – FAMIPAR – Cascavel, do Curso de Filosofia da PUCPR – Câmpus Maringá. Atualmente é Pároco da Paróquia Nossa Senhora das Graças em Sarandi PR.