Melhoe “pecar” pelo excesso de caridade do que pela ausência dela

Reflexão litúrgica: Quinta-feira, 07/07/2022
14ª Semana do Tempo Comum

Na Liturgia desta quinta-feira, XIV Semana do Tempo Comum, vemos, na 1a Leitura (Os 11,1-4.8c-9), que o profeta Oséias compara a relação entre Deus e Israel como a relação que existe entre pai e filho. Embora não compreendido, Deus permanece fiel e, no seu amor, continua sempre de braços abertos para receber o filho de volta.

Ao invés de castigar o seu filho, conforme propõe a Lei, Deus opta pelo perdão. Não são as nossas faltas que determinam o agir de Deus. Neste texto vemos a fidelidade e o amor de Deus pela humanidade e sua capacidade de perdão. Mesmo quando lhe sobem aos lábios palavras ameaçadoras de pai irritado, são elas de súbito mitigadas por acentos repassados de comoção, que convidam ao retorno, que anunciam a total destruição das culpas passadas. Há quem diga que, de calcar a mão sobre a bondade e misericórdia de Deus, corre-se o risco de debilitar a mensagem cristã e tornar vazia a própria vida cristã, a tal ponto é sempre possível o perdão. Mas nossa própria experiência humana nos diz que não pode ser assim. Um perdão forte, generoso, que procura redimir, muitas vezes vence a ofensa: trará de volta um filho ao pai, um esposo à esposa. O amor exige amor e amor fiel.

Já fui acusado de ser benévolo e facilitar acesso aos sacramentos de muitas pessoas, segundo esses acusadores, de “gente que não merecia” serem acolhidos, mas em minha consciência penso que é melhor pecar pelo excesso de caridade do que pela ausência dela.

Vemos no Evangelho (Mt 10,7-15), que anunciar o Reino é dar vida aos irmãos. Mesmo que não sejamos capazes de curar os enfermos ou ressuscitar os mortos, podemos ao menos dar um testemunho de vida cristã coerente, generosa e alegre. Porque o dom de operar milagres não é dado a todos, mas anunciar o evangelho, sim, é tarefa de todo cristão batizado.

Peçamos hoje a graça da disponibilidade para o anúncio do Reino. É preciso lembrar que tudo o que somos, temos e fazemos, tudo isso nós o devemos a Deus e deve ser partilhado com os demais.

Boa reflexão e que possamos produzir muitos frutos para o Reino de Deus.


Padre Leomar Antonio Montagna é presbítero da Arquidiocese de Maringá, Paraná. Doutorando em Teologia e mestrado em Filosofia, ambos pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUCPR – Câmpus de Curitiba. Foi professor de Teologia na Faculdade Missioneira do Paraná – FAMIPAR – Cascavel, do Curso de Filosofia da PUCPR – Câmpus Maringá. Atualmente é Pároco da Paróquia Nossa Senhora das Graças em Sarandi PR.