Sexta-feira, 05/08/22
XVIII Semana do Tempo Comum
Na Liturgia desta sexta-feira da XVIII Semana do Tempo Comum, vemos, na 1a Leitura (Na 2,1.3;3,1-3.6-7), que a salvação do reino de Judá está em conexão com o fim da opressão assíria. O profeta Naum lança um grito de alegria e uma invectiva contra a cidade sanguinária, a inimiga Nínive. Por meio dos anúncios proféticos, cresce a esperança de Israel em direção à paz escatológica e messiânica. A salvação será obra de Deus e de seu amor para com Israel, que ele escolheu para si. A palavra contra a capital assíria é inspirada, mais que por um sentimento nacionalíssimo, por uma concepção moral da história: a violência e prepotência do maior império da época estão sujeitas ao juízo de Deus.
Para os oprimidos Deus é a grande esperança de libertação, porém sua libertação atinge o íntimo do homem, livra-o do desejo da violência e leva-o a viver em paz, a fazer da vida uma festa, a suprimir a maldade e toda forma de exclusão.
No Evangelho (Mt 16, 24-28), apresentamos algumas chaves de leitura para uma melhor compreensão:
1ª) Jesus vai à Jerusalém, isto é, assume o compromisso com a cruz: renúncia, aceitação. Essas são as condições para o seguimento: renunciar a ser o centro de si mesmo ou a buscar o caminho mais fácil, ter medo das consequências. Não fazer como Pedro, que queria um caminho mais fácil, triunfante, vencer a qualquer preço, queria um Jesus bem-sucedido, Jesus do sucesso, com isso, tornou-se um obstáculo ao Reino. Jesus vence essa tentação. Alguns querem seguir Jesus do jeito que pensam, imaginam ou querem, mas não necessariamente devemos oferecer ao povo o que este quer, mas o que precisa.
Alguns querem que toda a Igreja seja reduzida à sua ‘pequena cabecinha’. Sempre comento: “É melhor errar com a Igreja do que querer acertar sozinho”.
2ª) Jesus é o centro: “Convém que Ele cresça e eu diminua”. O mundo e os bens não são o fim último para o ser humano. É preciso renunciar aos apegos, mesmo aos mais afetivos. O mundo se torna menos humano à medida que deixamos de seguir o Cristo, isto é, perdemos o sentido do sobrenatural. A economia, o lucro, não podem comandar tudo, isso levaria a perdas humanas, ecológicas, sociais, espirituais etc.
3ª) Jesus retribuirá a cada um de acordo com sua conduta: O céu ou o inferno começam aqui, na história. O ser humano é o único que sabe e pode antever o seu fim. Mas aqui mesmo, antes de passarmos à vida eterna, há recompensas existenciais importantes quando nos doamos ao que é bom e justo. Quando ajudamos, quando somos generosos, ficamos felizes. Devemos permitir aos outros que, também, nos ajudem. O Senhor espera que façamos o bem nas coisas de nosso dia a dia.
Recentemente, o Papa Francisco assim se expressava, em uma de suas homilias:
Quando tocamos em algo, deixamos as nossas impressões digitais. Quando tocamos as vidas das pessoas, deixamos nossa identidade. A vida é boa quando você está feliz; mas a vida é muito melhor quando os outros estão felizes por causa de você. Seja fiel ao tocar os corações dos outros, seja uma inspiração. Nada é mais importante e digno de praticar do que ser um canal das bênçãos de Deus. Nada na natureza vive para si mesmo. Os rios não bebem sua própria água; as árvores não comem seus próprios frutos. O sol não brilha para si mesmo; e as flores não espalham sua fragrância para si. Jesus não se sacrificou por si mesmo, mas por nós. Viver para os outros é uma regra da natureza. Todos nós nascemos para ajudar uns aos outros. Não importa quão difícil seja a situação em que você se encontra; continue fazendo o bem aos outros.
Boa reflexão e que possamos produzir muitos frutos para o Reino de Deus.
Padre Leomar Antonio Montagna é presbítero da Arquidiocese de Maringá, Paraná. Doutorando em Teologia e mestrado em Filosofia, ambos pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUCPR – Câmpus de Curitiba. Foi professor de Teologia na Faculdade Missioneira do Paraná – FAMIPAR – Cascavel, do Curso de Filosofia da PUCPR – Câmpus Maringá. Atualmente é Pároco da Paróquia Nossa Senhora das Graças em Sarandi PR.