Deus é rei e juiz que governa a história com amor e misericórdia

33ª Semana do Tempo Comum
Quarta-feira, 16/11/22

Na Liturgia desta quarta-feira, 33ª Semana do Tempo Comum, na 1a Leitura (Ap 4,1-11), João apresenta Deus como rei e juiz que governa a história (trono), mas seu governo é dirigido pelo amor e misericórdia (arco-íris: Gn 9,13ss), pois Deus só quer a vida: ele é santo e transcendente (brilho das pedras preciosas).

O povo de Deus (vinte e quatro Anciãos) participa do governo da história (tronos), da vida do Ressuscitado (veste branca) e da sua vitória (coroa). Deus age continuamente na história, intervindo em favor das pessoas (relâmpagos, vozes, trovões: Ex 19,16), dando vida a todos os seres (sete Espíritos) e governando todos os povos (mar de vidro: Sl 65,8).

Os quatro Seres vivos simbolizam toda a criação (quatro também indica totalidade). As criaturas testemunham que Deus age sem cessar, de modo vigilante (olhos) e rápido (asas). A criação louva a Deus, reconhecendo-o como Todo-poderoso e Senhor da história. O povo de Deus continua o louvor da criação reconhecendo que a glória, a honra e poder pertencem a Deus, porque só ele criou todas as coisas. Numa situação de perseguição, os cristãos não se desesperam, pois sabem que Deus Criador sustenta e dirige toda a história

O Evangelho (Lc 19,11-28), foi escrito nos anos setenta da era cristã, concomitantemente à destruição do Templo de Jerusalém, ambiente de violência e de grandes sofrimentos, muitos cristãos ficaram desanimados, acomodados e com a tentação de desistir da fé. Então, Lucas escreve a parábola do “Homem Nobre” (Deus) e os empregados (cada um de nós). O “Homem Nobre” tem o mesmo tratamento para cada empregado, entrega-lhes ‘moedas’, ‘talentos’, ‘fortunas’, dons naturais, espirituais, humanos, vida, família, pátria, inteligência, amigos, religião, fé, sacramentos etc.

Depois de muito tempo, o “Homem Nobre” voltou (morte) e foi acertar contas (juízo), uns vão para o céu: “Servo bom e fiel… Vem participar da minha alegria!” Outros vão para o inferno: “Servo mau, inútil, preguiçoso… jogai-o lá fora, na escuridão”.

Como proceder para ganhar o céu? Administrar bem a herança a nós deixada: bens materiais, sentimentos, dons, meios. Enfim, servir com prazer e não como um peso, um fardo. “Eis que venho, e com prazer faço a vossa vontade”. Quando se vive com egoísmo, quando não se ama, nos custa muito servir e fazer a opção pelos que mais necessitam. A parábola, também, nos faz um alerta: “Àquele que tem será dado mais e terá em abundância, mas daquele que não tem até o que tem lhe será tirado”. Isto é, o engajamento, a encarnação vai enriquecendo a pessoa que cada vez mais vai conhecendo o amor de Deus, caso contrário, a pessoa vai se distanciando dos valores cristãos e, cada vez mais, vai se desumanizando.

Questão fundamental: No final da nossa existência, o que queremos ouvir? “Servo bom e fiel…Vem participar da minha alegria!” Ou “Servo mau, inútil, preguiçoso… jogai-o lá fora, na escuridão”. A vida é um presente de Deus, mas a forma de viver esta vida volta para Deus como uma aceitação ou recusa desse presente.

Podemos concluir com o seguinte: O futuro está nas mãos de Deus ou também em nossas mãos? Temos que fazer nossa parte com responsabilidade, da parte de Deus ele fez tudo perfeito.

Boa reflexão e que possamos produzir muitos frutos para o Reino de Deus.


Padre Leomar Antonio Montagna é presbítero da Arquidiocese de Maringá, Paraná. Doutorando em Teologia e mestrado em Filosofia, ambos pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUCPR – Câmpus de Curitiba. Foi professor de Teologia na Faculdade Missioneira do Paraná – FAMIPAR – Cascavel, do Curso de Filosofia da PUCPR – Câmpus Maringá. Atualmente é Pároco da Paróquia Nossa Senhora das Graças em Sarandi PR.