Para ler o mundo em Deus, Cristo é a chave

33ª Semana do Tempo Comum
quinta-feira, 17/11/22

 

Na Liturgia desta quinta-feira, 33ª Semana do Tempo Comum, vemos na 1a Leitura (Ap 5,1-10), que o livro misterioso e seladíssimo (sete selos) que está nas mãos de Deus indica o mistério absoluto do desenrolar da história humana e do plano salvífico de Deus, mistério esmagador e trágico, no qual as capacidades humanas são impossibilitadas de penetrar (o pranto de João). Neste mistério só a revelação divina pode introduzir-nos, só Jesus, o maior revelador do Pai, pode romper os selos do livro. Para quem crê nele morto (cordeiro imolado), ressuscitado (Leão de Judá) e glorificado (entronização simbólica), o futuro é luminoso. E todo o universo tributa uma agradecida e alegre adoração ao Senhor vitorioso.

O livro fechado, podemos dizer que é o Antigo Testamento e que se torna plenamente compreendido na pessoa de Jesus. Jesus Cristo morto e ressuscitado é o Cordeiro pascal, imolado pelos pecados do mundo. Está de pé porque ressuscitou. Ele é o Messias (Leão e Rebento) que tem a plenitude do poder (sete chifres) e a plenitude do Espírito de Deus, pois ele vê tudo o que acontece na história (sete olhos e sete espíritos). Ele pode receber e abrir o livro, porque, na sua morte e ressurreição, já realizou o projeto de Deus, que é salvação. Doravante, a história dos homens está nas mãos de Cristo; e o projeto de Deus vai ser cumprido por todos.

No Evangelho (Lc 19,41-44), as lágrimas de Jesus têm longa história e profundo significado. Jesus, explicando os motivos do seu pranto, declara que Jerusalém poderia ainda ‘hoje’ compreender aquilo que serve à sua salvação. Trata-se, pois, do último dia de graça oferecido por Deus à cidade santa, mas ela não acolhe essa oportunidade. Abrem-se lhe as portas da cidade, mas o coração permanece fechado.

Jerusalém vive a contradição de ser considerada a cidade santa e ao mesmo tempo abrigar instituições promotoras da dominação; por isso, não consegue identificar na visita de Jesus a ela a possibilidade de trilhar um caminho de paz e de justiça.

Boa reflexão e que possamos produzir muitos frutos para o Reino de Deus.

 


Padre Leomar Antonio Montagna é presbítero da Arquidiocese de Maringá, Paraná. Doutorando em Teologia e mestrado em Filosofia, ambos pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUCPR – Câmpus de Curitiba. Foi professor de Teologia na Faculdade Missioneira do Paraná – FAMIPAR – Cascavel, do Curso de Filosofia da PUCPR – Câmpus Maringá. Atualmente é Pároco da Paróquia Nossa Senhora das Graças em Sarandi PR.