Cada pessoa é um templo vivo onde Deus se manifesta

Festa da Dedicação da Basílica do Latrão, Catedral de Roma
quarta-feira da 32ª Semana do Tempo Comum

A Festa da Consagração da Basílica do Latrão, mãe e cabeça de todas as igrejas, é celebrada em comunhão com as comunidades cristãs do mundo inteiro. A Basílica do Latrão, construída pelo imperador Constantino no antigo palácio dos Lateranos, no ano de 324, é a primeira catedral do mundo e a primeira em dignidade das igrejas do Ocidente, porque é a catedral de Roma. Nós, como membros vivos de nossa igreja local, somos corresponsáveis para que ela se torne, como a igreja-mãe, geradora de outras igrejas e comunidades, abrindo-se para o mundo inteiro.

Na Liturgia da Festa da Consagração da Basílica do Latrão, na 1a Leitura (Ez 47, 1-2.8-9.12), o profeta Ezequiel, usando o símbolo da água, descreve a força da vida emanada da fé em Deus. O Povo exilado na Babilônia, longe de Jerusalém e do seu templo destruído, é fortalecido pela esperança do surgimento de um novo templo. A água viva, que brota do templo, simboliza a vida nova, a salvação oferecida por Deus. Jesus Cristo ressuscitado é o novo e definitivo templo onde Deus se manifesta.

Cada um de nós deve ser, também, manifestação do amor de Deus, sendo fonte de vida e cura por onde passar.

Na 2ª Leitura (1Cor 3,9c-11.16-17), o Apóstolo Paulo lembra aos Coríntios e a todos nós cristãos a responsabilidade que temos de ser templos vivos e morada do Espírito Santo.

No Evangelho (Jo 2,13-22), vemos a enérgica reação de Jesus contra os que transformam a casa de Deus em mercado. O agir severo de Jesus, em sua primeira visita ao Templo de Jerusalém, mostra sua consciência de como as atividades religiosas podem ser corrompidas pelos interesses econômicos e políticos de grupos afins. Expulsando os comerciantes, Jesus denuncia a opressão e a exploração dos pobres pelas autoridades religiosas. Doravante, o verdadeiro Templo é o corpo de Jesus, que morre e ressuscita.

O Templo representava, para os judeus, a residência de Deus, o lugar onde Deus se revelava e se tornava presente no meio do seu Povo. Jesus agora é o “lugar” onde Deus reside no mundo. O corpo de Jesus é lugar de encontro entre Deus e a humanidade. Ao ressuscitar dos mortos o próprio Filho, o Pai o colocou como pedra fundamental do novo santuário. Sobre ela, pôs as pedras vivas, que são os discípulos de Cristo. Todos juntos, formamos o corpo de Cristo, o novo Templo onde Deus habita. Cristo e os membros da comunidade cristã formam, em conjunto, o novo santuário do qual se elevam os sacrifícios agradáveis a Deus. Já não se trata das ofertas da carne e do sangue dos cordeiros, mas das obras de amor em favor dos homens.

Enfim, Templos, são lugares especiais de intervenção de Deus. Vejamos alguns exemplos:

1º) Abraão em Ur – ouviu a Palavra que o arrancava de sua terra, de seu povo e, em certo sentido, de si próprio, para ser instrumento de salvação, ser uma bênção (Gn 12).

2º) Moisés no Monte Sinai: conhece o nome de Deus, adquire confiança, vai à frente do seu povo, faz história de libertação, experiência de fé.

Para uma comunidade que vive após a destruição de Jerusalém e do seu Templo pelos romanos é uma oportunidade para se convencer de que o culto que agrada a Deus não é aquele que se define por lugares e ritos, mas o que acontece na vida, “em espírito e verdade” (Jo 4, 23).

Boa reflexão e que possamos produzir muitos frutos para o Reino de Deus.

 


Padre Leomar Antonio Montagna é presbítero da Arquidiocese de Maringá, Paraná. Doutorando em Teologia e mestrado em Filosofia, ambos pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUCPR – Câmpus de Curitiba. Foi professor de Teologia na Faculdade Missioneira do Paraná – FAMIPAR – Cascavel, do Curso de Filosofia da PUCPR – Câmpus Maringá. Atualmente é Pároco da Paróquia Nossa Senhora das Graças em Sarandi PR.