A Mãe e a paz

Domingo da Solenidade de Maria Mãe de Deus. Dia Mundial da Paz. Primeiro dia do ano que inicia. 2023 já se faz presente em nossa história de vida civil. O primeiro passo da esperança estamos dando, rumo às nossas realizações. Tempo de esperançar, fazendo acontecer o sonho da utopia do Reino que já está aqui. O ano de ontem, ficou para trás, como aprendizado de muitas coisas que devemos fazer a correção de rota. Renascidos da esperança, que tenhamos a sabedoria necessária para plantar novos frutos no chão da vida de nossa caminhada!

Ano novo, vida nova. Novas perspectivas. Novos ideais. Novos sonhos em busca de realizações. Carregamos em nós o aprendizado das experiências já vividas, mas precisamos abrir espaço, com a mente e o coração abertos à um processo de mudança profunda, para que possa caber em nossos projetos pessoais o sonho de outro mundo possível. Não estamos sós nesta empreitada. Conosco estão todos aqueles e aquelas que sonham juntos estes ideais.

Começamos o ano de mãos dadas e no mesmo compasso da Mãe de Deus. Ela que se abril confiantemente ao Projeto de Deus, trazendo no ventre de Mãe zelosa, o sonho do esperançar de Deus: Jesus, Verbo encarnado, Palavra viva de um Deus que é só amor pelos seus. A promessa de há muito anunciada, se fazendo realidade na fragilidade de uma simples criança, que veio nos visitar e fazer morada no meio de nós. Criança que foi acolhida por gente sem nenhum prestígio diante daquela sociedade classista desigual: “os pastores foram às pressas a Belém e encontraram Maria e José, e o recém-nascido deitado na manjedoura. (Lc 2, 16)

Maria, a Mãe para todas as horas. A rainha da paz! Paz que tanto queremos que seja uma realidade palpável entre nós, principalmente porque, “viemos da grande tribulação”, como afirma o Livro do Apocalipse. Sentimentos guiados pelo ódio, pelo preconceito e pela intolerância ao diferente, marcaram as nossas relações no ano que findou. Não dá mais para ser assim, se quisermos construir o novo, com a perspectiva do ano que se inicia. A esperança venceu o medo e a polarização truculenta do mal que se passava por bem. Olhar o novo sob a perspectiva do amor e da esperança que estão no ar.

“Maria, guardava todos esses fatos e meditava sobre eles em seu coração” (Lc 2,19). Maria, a Mãe de Deus como modelo a ser seguido. Mãe e autêntica seguidora do Filho, nos ensina que devemos nos jogar nos braços de Deus e permitir que Ele vá nos moldando como novas criaturas. O mundo precisa da pessoas de amorosidade e indignação, que estejam dispostas a combater todas as formas de injustiça e desigualdades, com ações afirmativas, com vistas ao “Bem Viver”. Que sejamos estes instrumentos nas mãos de Deus para ir desbravando este horizonte de desilusão que paira no ar de alguns corações.

Os primeiros a acolherem a Boa Nova, Boa Notícia (Evangelho) são os pobres e marginalizados. No contexto do texto da liturgia que nos é apresentado no dia de hoje, estes pobres são representados pelos pastores. Gente da ralé, que era desprezada pela sociedade da época, porque não tinham possibilidade de cumprir todas as exigências da Lei. Entretanto, é para esta gente que nasceu o Salvador, o Messias e o Senhor. E são eles os primeiros a anunciar a sua chegada. Jesus é o Salvador, porque traz a libertação definitiva. Que iniciemos esta nova jornada como a estes destinatários primeiros, permitindo que o Salvador seja o nosso guia, rumo à construção de uma nova realidade! Feliz vida na nova vida! Feliz amanhecer de esperança e de novas realizações, de mãos dadas com a Mãe!

 


Francisco Carlos Machado Alves conhecido como Chico Machado, foi da Congregação do Santíssimo Redentor, os Redentorista, da província de São Paulo. Reside em São Felix do Araguaia no Mato Grosso e é agente de Pastoral na Prelazia de São Felix desde 1992. Sua atividade pastoral é junto aos povos indígenas da região: Xavante, Kayabi, Karajá, dentre outros. Mestre em Educação atua na formação continuada de professores Indígenas, nas escolas das respectivas aldeias.