A apresentação de Jesus no Templo, mais que um mistério gozoso, é um mistério doloroso. Apresentar é ofertar e toda oferta é uma renúncia

Reflexão: Festa da Apresentação do Senhor
quinta-feira, 02/02/2023

 A Festa da Apresentação de Jesus no templo (Chamada de Purificação de Nossa Senhora, também festa das luzes ou de Nossa Senhora da Luz e/ou Nossa Senhora da Candelária), após quarenta dias de seu nascimento, expressa sua total entrega a Deus, símbolo do sacrifício da Cruz. A apresentação de Jesus no Templo, mais que um mistério gozoso, é um mistério doloroso, Maria apresenta a Deus o filho Jesus, oferece-o a Deus, isto é, ofertar é renunciar. Começa, assim, o mistério de seu sofrimento, que atingirá o cume aos pés da cruz. A cruz é a espada que transpassará sua alma. O gesto de Maria e José que oferecem, integralmente, Jesus, se traduz em um gesto litúrgico que se repete a cada eucaristia, pois, quando apresentamos o pão e o vinho, eles nos são restituídos como Corpo e Sangue de Cristo. Então, podemos, como Simeão, contemplar novamente a salvação e viver em paz.

Essa festa encerra as celebrações natalinas e é uma das mais antigas que existe no cristianismo. Quatro séculos depois do nascimento de Jesus, já se faziam procissões, pregações e celebrações muito solenes nesse dia dois de fevereiro.

Com essa festa, celebramos, também, o serviço generoso dos que veem e anunciam a salvação que o Senhor proporciona a todos: “Meus olhos viram a tua Salvação que preparaste diante de todos os povos, como luz para iluminar as Nações” (Lc 2, 30-32).

 Na Liturgia da Apresentação do Senhor, na 1a Leitura (Ml 3, 1-4), o profeta anuncia que virá um mensageiro da Aliança (Anjo) preparar o povo para o grande dia da purificação dos corações e, então, cada pessoa se tornará uma oferta agradável ao Senhor.

Na 2ª Leitura (Hb 2, 14-18), contemplamos que Jesus é solidário com nossa condição humana e nos salva, vivendo esta condição até o limite extremo de suas possibilidades. A única realidade humana não assumida por Cristo foi o pecado. O primeiro efeito da redenção de Cristo é a libertação da escravidão da morte. Com e na morte de Cristo, a humanidade, pela primeira vez na história, vive a sua suprema adesão a Deus. Jesus, por ter experimentado nossas fraquezas humanas, se torna o Salvador, cheio de compaixão pelos nossos sofrimentos. Nele nós somos mais que vencedores.

No Evangelho (Lc 2, 22-40), o projeto misericordioso e libertador de Deus se revela na criança recém-nascida. Ela será luz para as nações e sinal da glória divina no meio do povo. Neste evangelho, também, observamos a Sagrada Família plenamente inserida na vida social e cumprindo todas as leis, entre elas, a lei que dizia que todo primogênito pertencia a Deus e que devia ser resgatado por meio de um sacrifício. Nessa ocasião, também se fazia a purificação da mãe e se oferecia um cordeiro. Quem era pobre podia oferecer dois pombinhos em lugar do cordeiro. Jesus tem origem humilde, nasce em lugar pobre, vem pobre e para os pobres. Simeão e Ana representam os pobres que esperam no Senhor a libertação. Deus responde à esperança deles. O cântico de Simeão relembra a vida e missão do Messias: Jesus será sinal de contradição. Isto é, julgamento para os ricos e poderosos e libertação para os pobres e oprimidos. Enfim, este evangelho é uma comovente lição de humildade, juntamente com aquela pobreza demonstrada no presépio.

Boa reflexão e que possamos produzir muitos frutos para o Reino de Deus.

 


Padre Leomar Antonio Montagna é presbítero da Arquidiocese de Maringá, Paraná. Doutorando em Teologia e mestrado em Filosofia, ambos pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUCPR – Câmpus de Curitiba. Foi professor de Teologia na Faculdade Missioneira do Paraná – FAMIPAR – Cascavel, do Curso de Filosofia da PUCPR – Câmpus Maringá. Atualmente é Pároco da Paróquia Nossa Senhora das Graças em Sarandi PR.