São Vitor

 8 de maio 

Se o apelido não corresse o risco de parecer muito leviano e irreverente, poderíamos dizer que santo Ambrósio foi um dos mais eficazes “reconhecedores de talentos” da história. Escavando, literalmente, a história de Milão, encontrou nela personagens ilustres, que honravam a diocese pela qual, tão inesperadamente, tornou-se o responsável. E como um bom “reconhecedor de talentos” sabia também lançar as suas descobertas com todos os meios da publicidade então disponíveis, de modo especial através das festas populares, dos hinos sagrados e dos monumentos.

Uma das descobertas de Santo Ambrósio é precisamente são Vítor, de quem ele falou longamente na Explanação do Evangelho de Lucas e no hino Os piedosos Vítor, Nabor e Félix. A outra fonte histórica, da qual tiramos vida e sobretudo o martírio de são Vítor, são as Atas, que retomam ao século VIII. Vítor, Nabor e Félix eram soldados provenientes da Mauritânia e hospedados em Milão. Levados, como os outros companheiros seus de milícia e de fé, a fazer escolha entre o imperador e Deus, sua escolha foi clara e decidida. Mas sua objeção de consciência só lhe proporcionou a prisão. Após lhe haver feito passar seis dias sem comer e sem beber para debilitar-lhe a resistência, foi arrastado ao hipódromo do circo (junto a atual Porta Ticinense): não obstante o interrogatório ter sido feito pelo próprio Maximiano Hercúleo, e por seu conselheiro Anulino, Vítor permaneceu firme na decisão de não sacrificar aos ídolos, resolução que manteve também após severa flagelação.

Transportado ao cárcere, onde está hoje a Porta Romana, são Vítor foi ulteriormente atormentado: despejaram-lhe chumbo derretido nas feridas, mas a forte fibra do soldado africano ainda assim não enfraqueceu. Um dia, aproveitando a distração dos carcereiros, conseguiu fugir e foi se refugiar-se numa estrebaria situada nas proximidades de um teatro, lá onde se encontra hoje a Porta Vercelina. Mas as estas alturas sua peregrinação estava acabada; descoberto, foi levado a um bosque de olmo, que estava perto, e ali foi decapitado. O seu corpo ficou sem sepultura durante uma semana, mas o bispo são Materno o encontrou ainda intacto e fielmente vigiado por duas feras. Foi-lhe então edificado um túmulo suntuoso, ao lado do qual santo Ambrósio quis que fosse sepultado seu irmão Sátiro.

São Vítor é dos santos mais caros aos milanenses, que lhe edificaram igrejas, monumentos e mais tristemente célebre é …o cárcere de São Vítor. Não é por acaso o patrono dos prisioneiros e exilados.

São Vitor, rogai por nós!

Referência: “ Um Santo para cada dia” Mario Sgarbossa, Luigi Giovanni, ( Tradutor Onofre Ribeiro), – São Paulo: Paulus, 1983.


Padre Adriano José Cruzeiro, é sacerdote da Congregação dos Oblatos de Cristo Sacerdote. Técnico Agrícola, estudou na Escola Dona Sebastiana de Barros em São Manuel – SP.  Lincenciado em Filosofia pelo Centro Universitário Salesiano – Unisal – Lorena – SP,  Bacharel em Teologia pela Faculdade Dehoniana – Taubaté- SP, Bacharel em Direito pelo Centro Universitário Salesiano – Unisal – Lorena – SP, e pós-graduando em Direito Matrimonial e Processual Canônico pelo Centro Universitário Claretiano – Batatais – SP.