Reflexão litúrgica: Terça-feira, 27/06/2023
12ª Semana do Tempo Comum
Na Liturgia desta terça-feira da XII Semana do Tempo Comum, vemos, na 1a Leitura (Gn 13,2.5-18), que desde quando existem caminhos, a “encruzilhada” é considerada pela pessoa humana como um símbolo. Toda decisão é de fato uma escolha entre alternativas que, por sua vez, se apoiam em motivações de fundo. A encruzilhada que se apresenta a Abraão e Ló é a escolha da generosidade e facilidade. O texto sublinha desta forma a figura de Abraão como tipo de homem livre. Desprendido de toda preferência externa, adquire grande riqueza interna. Sua liberdade se traduz em capacidade de deslocamento, de mudança sem remorsos. A razão é que ele não procura impor seu gosto, e sim a fidelidade às pessoas, em primeiro lugar a Deus. Em Abraão vemos a liberdade que cresce no terreno fértil da generosidade em toda escolha. Daí nasce uma vida que é contínua esperança numa promessa: Abraão é o homem que confia em Deus, que alimenta sua esperança com uma contínua generosidade. É o homem que “sabe perder-se” a si mesmo sem cálculos, para se reencontrar e aos outros em Deus, único imenso bem maior.
No Evangelho (Mt 7,6.12-14), sabemos que no tempo de Jesus, “Lei e Profetas” indicava todo o Antigo Testamento. Esta regra de ouro: “tudo o que quiserdes que os outros vos façam, fazei-o também vós a eles”, nos convida a ter para com os outros a mesma preocupação que temos espontaneamente para conosco mesmos, princípio simples, que, porém, exige de nós constante empenho. Não se trata de visão calculista, dar para receber, mas de compreensão do que seja o amor do Pai.
O texto também nos fala da prudência, isto é, do necessário discernimento na dispensação das coisas santas, vale dizer, a palavra de Deus exige ser acolhida por um coração disponível. Tanto a opção fundamental pelo Reino e sua justiça, entrar pela porta estreita, como continuar nessa busca fundamental (caminho), não são fáceis. A escolha verdadeira nunca será feita pelos indecisos e acomodados. Estes ficam relutando, ou escolhem a estrada mais larga proposta pelos ídolos.
Boa reflexão e que possamos produzir muitos frutos para o Reino de Deus.
Padre Leomar Antonio Montagna é presbítero da Arquidiocese de Maringá, Paraná. Doutorando em Teologia e mestrado em Filosofia, ambos pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUCPR – Câmpus de Curitiba. Foi professor de Teologia na Faculdade Missioneira do Paraná – FAMIPAR – Cascavel, do Curso de Filosofia da PUCPR – Câmpus Maringá. Atualmente é Pároco da Paróquia Nossa Senhora das Graças em Sarandi PR.