Segunda feira da Décima Sétima Semana do Tempo Comum. Neste último dia do mês de julho a Igreja celebra a memória de Santo Inácio de Loyola (1491-1556), o “Peregrino de Cristo”. Filho de família nobre, rica e cristã, era o caçula de uma prole de 13 filhos. Apesar do berço nobre, abrigou-se em uma gruta/caverna, vivendo como eremita e mendigo, passando pelas mais duras necessidades. Em Paris, na França, no ano de 1534, ajudou a fundar a Companhia de Jesus (Jesuitas) com o firme propósito de espalhar o cristianismo pelo mundo através de seus membros. A Igreja escolheu o dia de sua morte, aos 65 anos para celebrar a sua memória.
Uma segunda feira em que seguimos refletindo o Evangelho de Mateus. Lembrando que, ao escrever o seu texto, Mateus tem uma preocupação ímpar, a de provocar a comunidade cristã, convidando-a a olhar para dentro de si mesma, a fim de descobrir a presença de Jesus, que ensina a prática da justiça. Desta forma, a comunidade aprenderá a dizer a palavra certa e a realizar a ação oportuna, no tempo e lugar em que está vivendo. Como dizia o santo do dia: “Não permita Deus nosso Senhor que, onde eu não posso ajudar, não venha a prejudicar alguém”.
Estamos ainda no capitulo 13 deste evangelho, onde estão concentradas as sete parábolas contadas por Jesus: O joio e o Trigo (Mt 13,24-30,36-43); O fermento (Mt 13,33); A pérola de grande valor (Mt 13,45-46); A rede lançada ao mar (Mt 13,47-50); O semeador (Mt 13,3-9,18-23); A semente de mostarda (Mt 13,31-32); O tesouro escondido (Mt 13,44). Um jeito simples de falar de coisas mais complexas, numa linguagem que os mais pobres entendiam. Sempre que contava as suas parábolas, Jesus se ocupava em explicar aos seus discípulos aquilo que eles não haviam entendido.
Recordando que o número sete, na tradição e cultura judaica, tem especial significado. Representa plenitude. Para traduzir a palavra de Jesus sobre o Reino de Deus, a comunidade de Mateus escolheu sete comparações, às quais deu o nome de parábolas. Estão todas concentradas no capítulo 13 do Evangelho de Mateus. Como estamos no Ano A, na liturgia católica, elas são lidas nos três domingos seguidos: 15º, 16º e 17º Domingos do Tempo Comum. Hoje somos convidados a refletir duas destas parábolas: a semente de mostarda e o fermento, sempre no intuito de entendermos melhor o Reino de Deus.
O Reino de Deus já está presente no meio de nós! Já, e ainda não, pois ele vai se consolidando na medida em que vamo-nos envolvendo no seu processo de construção. O Reino que começa aqui e agora, mas que tem a sua plenitude maior na Glória de Deus. Ao se fazer presente no meio de nós, assumindo a nossa condição humana, Jesus não somente falou do Reino, mas o fez presente em nós. Desta forma, todo cristão precisa ter a consciência de sua condição divina, e que a sua pátria não é aqui, mas vive neste mundo como estrangeiro. Tal condição nos faz corresponsáveis uma vez que carregamos uma responsabilidade diante do mundo, pois, recebemos uma missão, confiada por Deus, de transformar as estruturas deste mundo pelas nossas ações em favor do Reino.
Na procura do Reino sempre! Diante das estruturas e ações deste mundo, a atividade de Jesus e daqueles que o seguem parece não surtir o efeito desejado. Para a sociedade do poder, da ganância e do ter mais e mais, somos fracassados. Às vezes nos sentimos impotentes diante desta superestrutura, entretanto, jamais devemos nos curvar ou adequar a ela, se quisermos trilhar os mesmos passos de/com Jesus. O Padre Júlio Lancellotti resumiu bem o seu ser e estar neste contexto ao dizer: “A minha perspectiva é o fracasso. Porque se eu buscar a vitória é porque eu me rendi ao sistema. Nesse sistema eu sempre serei um fracassado. Eu quero estar sempre ao lado dos que perdem”. Andamos na contramão do sistema.
Nosso bispo Pedro enfaticamente noz dizia “Jesus de Nazaré, a sua causa e o seu Reino’ é o que devemos buscar”. Buscar o Reino é fazer parte do discipulado de Jesus, seguindo suas pegadas. No emaranhado deste sistema perverso da sociedade, a comunidade dos discípulos parece desaparecer. Contudo, de um momento para outro ela ressurge, exercendo uma ação transformadora no seio da sociedade. O esperançar de Deus está em cada um de nós. O texto de Mateus do dia de hoje nos faz entender que, somente através da pessoa e missão de Jesus, é possível compreendermos o mistério do Reino de Deus, escondido na história desde o início da criação do mundo. E biba Santo Inácio de Loyola!
Francisco Carlos Machado Alves conhecido como Chico Machado, foi da Congregação do Santíssimo Redentor, os Redentorista, da província de São Paulo. Reside em São Felix do Araguaia no Mato Grosso e é agente de Pastoral na Prelazia de São Felix desde 1992. Sua atividade pastoral é junto aos povos indígenas da região: Xavante, Kayabi, Karajá, dentre outros. Mestre em Educação atua na formação continuada de professores Indígenas, nas escolas das respectivas aldeias.