“Santo de casa não faz milagres”, mas por quê? A culpa é dele ou é nossa?

Reflexão litúrgica: Sexta-feira, 04/08/2023
17ª Semana do Tempo Comum,
Memória de São João Maria Vianney, presbítero

 Na Liturgia desta sexta-feira da XVII Semana do Tempo Comum, vemos, na 1a Leitura (Lv 23.14-11.15-16.27.34b-37), o ciclo litúrgico das várias festas anuais, destinadas justamente a assegurar a união dos fiéis com Deus. A preocupação não é tanto explicar a origem de tais festividades e sua conexão com a história do povo hebreu, quanto recordar o seu desenrolar e garantir-lhes a reta celebração com prescrições minuciosas. Nesse ciclo litúrgico prevalece o cunho religioso, em que se procura evitar o perigo inato a todas as festas, de se degradarem a nível puramente humano, mantendo, ao invés, seu caráter de meio apto a favorecer união mais íntima e eficaz com Deus.

O Evangelho (Mt 13,54-58), nos questiona: diante dos profetas que Deus nos envia, estamos dispostos a ouvi-los? A quem ouvimos? Não ter profetas é ruim, pior é não os reconhecer, rejeitá-los porque são humanos. Rejeitando o profeta, rejeitaremos à Palavra e o próprio Deus. Neste trecho do Evangelho, as pessoas rejeitam Jesus porque só enxergam a imagem que haviam construído de Deus, um Messias forte, um Deus do espetáculo, “ficaram admirados” (espetáculo não leva a fé os que estão longe, enaltecer os que estão longe, é fácil), rejeitam Jesus pela sua humanidade e pela sua humildade, “filho de Maria, o carpinteiro e ficaram escandalizados”, não creem porque veem, debocham, não acreditam que um humilde possa ter capacidades, ideias: “Entre nós está e não o conhecemos”. Sabemos que Deus escolhe os fracos e humildes para confundir os fortes e poderosos e realizar suas obras. Devido a dureza do coração e a falta de fé, podemos concluir, com Jesus: “Santo de casa não faz milagres”, mas por quê? A culpa é dele ou é nossa?

Hoje somos convidados a renovar nossa profissão de fé, não apenas em Deus, mas também com quem convivemos, aí poderemos modificar o provérbio e dizer: “Santo de Casa, também faz milagres”.

Tomemos cuidado para que o preconceito não nos feche o coração, pois, naquele tempo, muitos não perceberam a ação de Deus em Jesus. Vejamos a pessoa e não somente os ‘penduricalhos’.

Boa reflexão e que possamos produzir muitos frutos para o Reino de Deus.

 


Padre Leomar Antonio Montagna é presbítero da Arquidiocese de Maringá, Paraná. Doutorando em Teologia e mestrado em Filosofia, ambos pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUCPR – Câmpus de Curitiba. Foi professor de Teologia na Faculdade Missioneira do Paraná – FAMIPAR – Cascavel, do Curso de Filosofia da PUCPR – Câmpus Maringá. Atualmente é Pároco da Paróquia Nossa Senhora das Graças em Sarandi PR.