Mais que um número

O Evangelho que vamos refletir, nas nossas celebrações deste 11º Domingo do tempo comum (14), é a narrativa de Mateus, acerca do chamado que Jesus faz àquelas pessoas, escolhidas para dar continuidade a missão que ele havia inaugurado. Discípulos chamados e enviados em missão de anunciadores da chegada próxima do REINO DE DEUS.

Antes de enviá-los em missão, recebem de Jesus todo um treinamento e instruções de como eles deveriam agir na MISSÃO, que cada um deles iria desenvolver, a partir de então. Fizeram um longo estágio com o MESTRE, para que não destoassem do contexto da missão que receberam. Quais CRITÉRIOS Jesus utilizou para esta escolha? Não sabemos ao certo. Mas sabemos que todos os chamados, era gente simples, do meio do povo.

Gente simples do meio do povo e tendo como destinatários desta missão, também gente simples, ou seja, as ovelhas perdidas/desgarradas da CASA DE ISRAEL. O povo abandonado pelos seus lideres POLÍTICOS e PASTORES/RELIGIOSOS. Mostrando a este povo que o CORAÇÃO DE DEUS está inflado de COMPAIXÃO por esta ralé, abatida e desanimada. Tudo o que os seguidores de Jesus deveriam fazer, era mostrar a FACE AMOROSA deste Deus, que estava disposto a conduzir o seu Povo à vida em plenitude.

Talvez pudéssemos questionar porque Jesus chama estas DOZE PESSOAS? Trata-se de um número SIMBÓLICO, que nos faz lembrar as doze TRIBOS DE ISRAEL, que formavam o antigo Povo de Deus. Doze, neste contexto, quer simbolizar totalidade do povo de Deus. Doze pessoas que, provavelmente, ninguém daria nada por elas, mas para os planos de Jesus, tinham plenas condições de assumir, este COMPROMISSO de fazer chegar às pessoas, o CARINHO DE DEUS por elas.

Chamados para uma difícil missão. Missão esta definida claramente pelo próprio Jesus: “deu-lhes poder de expulsar os espíritos impuros e de curar todas as doenças e enfermidades”. (Mt 10, 1) Lembrando que os tais espíritos impuros, as doenças e as enfermidades representavam tudo aquilo que escravizava as pessoas e que as impediam de chegar à plenitude da vida. A missão dos discípulos é, pois, lutar contra tudo aquilo, seja de caráter físico, seja de caráter espiritual, que destrói a vida e a felicidade das pessoas. Poderíamos dizer que a missão dos seguidores, era a de lutar contra toda forma de PECADO presente naquela realidade.

Chamados para uma difícil missão de anunciar a CHEGADA PRÓXIMA DO REINO. Anúncio a ser feito não apenas com PALAVRAS e boas intenções, mas acompanhadas de GESTOS CONCRETOS, como os sinais de LIBERTAÇÃO, que o Reino de Deus proporciona. Recordando que todas estas ações devem ser norteadas pela GRATUIDADE, que é inerente ao projeto de Deus. O seguidor não deve buscar nada em troca, pela missão que executa. Nenhuma VANTAGEM PESSOAL, PRIVILÉGIOS, como forma de atender interesses egoístas. De graça recebemos e de graça devemos dar (Mt 10, 8) a nossa cota nesta árdua tarefa.

Colocar a própria vida como um DOM GRATUITO AO REINO. Esta é a tarefa que está reservada a quem abraça esta causa de ser seguidor de Jesus. A quem se dispõe entrar nesta dinâmica, precisa saber que a missão não é algo ISOLADO que cada um faz por sua conta e risco. Trata-se antes, do PROLONGAMENTO da MISSÃO de JESUS. Os nossos gestos de hoje, são os mesmos gestos que Jesus fez: Amar como Jesus amou. Também os destinatários desta mensagem, são os mesmos com quem Jesus sempre se identificou. Jesus nos convida, como seguidores e seguidoras, para dar CONTINUIDADE na HISTÓRIA a OBRA LIBERTADORA que o Mestre começou em favor das pessoas.

Estamos dispostos a ser estes chamados para missão semelhante à dos discípulos de Jesus? As nossas comunidades hoje têm esta compreensão, acerca do seguimento de Jesus, nesta dimensão? Temos como meta de nossa fé, trabalhar pela construção do Reino entre nós, na mesma brevidade querida por Jesus? A nossa forma de ser e estar no mundo, leva em consideração a vida dos DESTINATÁRIOS dos quais fala o texto do Evangelho? Lembre-se, você também é um destes chamados por Jesus, para dar continuidade a sua obra. Você se esqueceu disso? Acho bom lembrar!