Reflexão litúrgica: Terça-feira, 15/08/2023
19ª Semana do Tempo Comum
Na Liturgia desta terça-feira da XIX Semana do Tempo Comum, vemos, na 1a Leitura (Dt 31,1-8), que no término de seu grande discurso e antes de subir ao monte Nebo para ver a terra prometida, Moisés transmite os seus poderes ao substituto e sucessor. Josué, a quem é confiada uma investidura essencialmente política: conquistar Canaã e ali instalar as doze tribos. A Bíblia insiste sobre a presença e ação de Deus nos acontecimentos humanos e em relação ao exercício da autoridade. Quem cumpre um dever social, político, religioso, deve saber que Deus está com ele. Caminhamos para Deus vivendo nossa vida humana: social, política religiosa. Importa sumamente ter coragem, agir e confiar em Deus, evitar estéreis lamentos como se tudo caminhasse para a ruína.
O texto afirma que o verdadeiro guia de tudo, aquele que tece os fios da história e a dirige para a realização do plano de salvação, é somente Deus, que se serve dos homens como instrumentos, a fim de que, fiel e docilmente, colaborem para a realização de sua misteriosa vontade.
A designação de Josué como líder do povo já prepara a narração do livro de Josué. Note-se que as instruções dadas ao povo e a Josué são as mesmas: o chefe não está acima de ninguém; sua função é ser mediador entre Deus e o povo.
No Evangelho (Mt 18,1-5.10.12-14), vemos que Jesus está a caminho de Jerusalém e, então, educa os discípulos quanto ao exercício do poder serviço. Jesus é Rei e veio para servir (não para ser visto como algumas pessoas que aspiram à grandeza e ao prestígio pessoal). Estar com Jesus é servir, e servir é reinar. “Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a Tua Palavra”. Quanto maior a autoridade, maior serviço lhe cabe prestar ao maior número de pessoas. Os discípulos tiveram muita dificuldade para entender quem era Jesus, justamente porque se deixavam conduzir pela lógica dos ímpios, pois cada um queria ser maior que os outros.
No serviço ao bem comum, todos se beneficiam; ao contrário, no desejo de poder estão os maiores males da humanidade. Jesus, neste Evangelho, nos estimula ao primeiro lugar, não à custa da derrota dos outros, mas a favor dos outros. “Se alguém quer ser o primeiro, seja o último de todos e o servo de todos”.
Neste texto, também podemos levantar a seguinte questão: por que alguém se extravia, isto é, se distancia da comunidade? Certamente por causa do escândalo ou do desprezo daqueles que buscam poder e prestígio. A parábola mostra que a comunidade inteira deve preocupar-se e procurar aquele que se extraviou. A comunidade se alegra quando ele volta para o seu meio, porque a vontade do Pai foi cumprida.
Para concluir, penso que uma pessoa ou comunidade fechada em si mesma, insensível às necessidades dos irmãos e à luta para vencer as injustiças é um contratestemunho e celebra indignamente a própria liturgia.
Boa reflexão e que possamos produzir muitos frutos para o Reino de Deus.
Padre Leomar Antonio Montagna é presbítero da Arquidiocese de Maringá, Paraná. Doutorando em Teologia e mestrado em Filosofia, ambos pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUCPR – Câmpus de Curitiba. Foi professor de Teologia na Faculdade Missioneira do Paraná – FAMIPAR – Cascavel, do Curso de Filosofia da PUCPR – Câmpus Maringá. Atualmente é Pároco da Paróquia Nossa Senhora das Graças em Sarandi PR.