Vigésimo Sexto Domingo do Tempo Comum. Setembro já ficou para trás. Outubro chegou! O mês da Bíblia se foi. Agora entramos no mês missionário. Todavia, a Bíblia não ficou para trás. Mais do que nunca, ela se faz necessária, se quisermos, de fato, abraçar a missão de ser um com Jesus. A temática proposta para o estudo da Carta aos Efésios continua presente no nosso horizonte de esperança: “Vestir-se da nova humanidade!” (Ef 4,24)”. Somos todos e todas missionários! Por este motivo, a conversão é contínua. Ela começa no batismo, onde deixamos o homem/mulher velhos para revestir-nos do homem/mulher novos.
Por falar em novos, comemoramos na data de hoje, o Dia do Idoso. Celebrar este dia é afugentar das nossas vidas os estereótipos negativos, os preconceitos e os equívocos, sobre as pessoas idosas e o envelhecimento, permitindo que estas, realizem todo o seu potencial, uma vez que, conforme concebem os povos indígenas, o espírito não envelhece nunca, torna-se experiente. A velhice do espírito é a experiência que ele vem acumulando ao longo dos anos vividos. As aldeias vivem baseadas naquilo que os mais velhos dizem e fazem. Uma experiência de vida e de saberes tradicionais ancestrais, que precisamos trazer para dentro de nossa sociedade, como forma de respeitar e valorizar os nossos idosos.
Outubro, mês missionário! Iniciei a minha missão hoje, na companhia daquele que, como eu, se fez missionário em uma terra distante, longe de seu torrão natal. Rezei na companhia do “bispo vermelho”, que fez da vida uma longa e coerente missão: ser como, com e para os pobres, contra a exploração pela pobreza. Juntei-me a uma infinidade de cigarras que nos seus estridentes decibéis, a seu modo, louvavam a infinitude do Deus da Criação. Cada árvore daquele “Campo Santo”, contava com a presença delas, anunciando o despontar do domingo, que era trazido pelas mãos do regalado sol primaveril. Deus se dando a nós por inteiro, em mais um mês que se inicia. A Vida é uma dádiva que nos permite sonhar, amar, sorrir e chorar. Dom de Deus para nós, ela nos mostra, com o passar do tempo, quem realmente somos e o que queremos ser.
Nossa missão é evangelizar. Tornar o Evangelho vivo nas nossas vidas. Revestir-nos do espirito do Evangelho. Evangelizar primeiro a nós mesmos, para depois sermos evangelizadores em missão. Fazer da vida uma missão permanente de levar a Boa Nova do Reino, para o chão concreto de nossa existência. Assumir uma nova forma de viver: do ódio para o espirito de paz; da indiferença para a ação solidária; da mentira para a verdade; do roubo para o trabalho honesto; do acúmulo para a partilha com os que nada têm; da palavra inconveniente para a palavra construtiva; do comportamento egoísta para a generosidade recíproca; da falsidade para a amorosidade.
Ser e fazer! Fazer, fazendo! Fazer o que somos e sermos o que fazemos, conforme o texto que refletimos na liturgia de hoje, trazido até nós pelo evangelista Mateus. Desta vez, Jesus se dirigindo diretamente aos sacerdotes e anciãos do povo, contando-lhes uma parábola de um determinado pai, relatando as atitudes diferentes de dois dos filhos seus. Ambos chamados a trabalhar na vinha. O primeiro falou inicialmente que não iria, mas foi; o segundo disse que iria, mas acabou não indo. Jesus tentando convencer os dirigentes religiosos a terem uma nova forma de viver a sua prática religiosa, diferente daquela que eles vinham fazendo. Tarefa difícil.
Tanto os sacerdotes, quantos os anciãos do povo, escribas e fariseus, se achavam os mais santos de todos. Colocam-se num determinado pedestal e subjugavam os pobres, doentes, mulheres, pagãos, marginalizando todos eles. Diferente de Jesus que não só convivia com eles, no chão de suas misérias, como os viam como os destinatários primeiros do Reino de Deus. A frase dita por Jesus hoje é emblemática neste sentido: “Em verdade vos digo que os cobradores de impostos e as prostitutas vos precedem no Reino de Deus”. (Mt 21,31) O pastor Alan Basílio entendeu bem o que Jesus quis dizer, ao afirmar de forma inteligente: “Cristo está mais próximo da prostituta que sabe que é pecadora, do que do religioso que pensa que é santo.”
No mês das missões, somos chamados a levar adiante a proposta de Jesus na instauração do Reino de Deus. Cada um de nós é parte integrante nesta caminhada, na medida em que assumimos o nosso compromisso batismal. Chamados enviados pelo próprio Jesus, quando Mateus conclui assim o seu evangelho: “vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a obedecer a tudo o que eu ordenei a vocês. E eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos”. (Mt 28,18-20) Todos somos chamados a participar de uma nova comunidade, que se compromete a viver de acordo com o que Jesus ensinou: praticar a justiça em favor dos pobres e marginalizados. Faça a sua parte e não seja negligente como um dos filhos daquele pai da parábola.
Francisco Carlos Machado Alves conhecido como Chico Machado, foi da Congregação do Santíssimo Redentor, os Redentorista, da província de São Paulo. Reside em São Felix do Araguaia no Mato Grosso e é agente de Pastoral na Prelazia de São Felix desde 1992. Sua atividade pastoral é junto aos povos indígenas da região: Xavante, Kayabi, Karajá, dentre outros. Mestre em Educação atua na formação continuada de professores Indígenas, nas escolas das respectivas aldeias.