Sexta feira da Vigésima Sétima Semana do Tempo Comum. Sextou na capital de Mato Grosso. Abraçando aqui a missão de lutar por uma educação de melhor qualidade como partícipe do XII ENCONTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO: Reconstrução, Aprendizagem e as Humanidades.
Rezei aquecido pelo calor cuiabano, que já nas primeiras horas do dia, diz à que veio. Um calorzinho para cada um, sem cerimônias. Quando Deus distribuiu o calor, Cuiabá entrou na fila inúmeras vezes. Pensa num lugar abafadinho.
Enquanto a palestra transcorre, vou aqui dedilhando os rabiscos na tela do celular. Um olho no palestrante e outro no abusado corretor, que insiste em querer nos desafiar, entrometendo na conversa/escrita. Escrever nestas circunstâncias é mais do que um desafio, ainda mais convivendo com a irmã tendinite.
O mês dedicado às missões segue entremeando às nossas vidas, nos desafiando a seguir em frente nas trilhas com Jesus. Fazer parte de seu grupo não é para qualquer um, mas para aqueles que não aceitam a neutralidade como parte constitutiva de suas vidas. Não existe neutralidade, mas a covardia de quem escolheu o limear do muro como local de moradia.
“Que é mesmo a minha neutralidade senão a maneira cômoda, talvez, mas hipócrita, de esconder minha opção ou meu medo de acusar a injustiça? Lavar as mãos em face da opressão é reforçar o poder do opressor, é optar por ele.” É assim que o nosso maior educador Paulo Freire viu a neutralidade, como opção de vida dos covardes.
“Quem não está comigo, está contra mim”. (Lc 11,23) Jesus está sendo muito claro e objetivo no texto que o evangelista Lucas hoje nos apresenta. Não há meio termo. Ou é, ou não é! Não há possibilidade de navegar com um pé em uma canoa e outro noutra. Ser ou não ser!
Jesus não engana nenhum dos que aceitam e tomam a livre decisão de consigo caminhar. A caminhada é longa e os desafios se fazem presentes no percurso desta jornada. Não significa que aqueles e aquelas que estiverem com Jesus, estarão isentos de possíveis problemas, mas diante deles, não estarão sozinhos/as
No contexto do Evangelho de hoje, Jesus está expulsando um demônio. À época, expulsar um demônio, era o mesmo que desalienar a pessoa. Ao curar um endemoninhado, Jesus quer mostrar que a sua ação consiste em libertar aquela pessoa dos entraves que a impede de falar e agir por conta própria. São ações e gestos como estes de Jesus, que testemunham a chegada do Reino de Deus. Só expulsa o demônio, quem se faz mais forte do que ele. Assim, quem não age com Jesus, torna-se seu adversário, como as lideranças religiosas de seu tempo e as de hoje. Pena que os demônios da alienação ainda continuam presentes em muitos cristãos.
Francisco Carlos Machado Alves conhecido como Chico Machado, foi da Congregação do Santíssimo Redentor, os Redentorista, da província de São Paulo. Reside em São Felix do Araguaia no Mato Grosso e é agente de Pastoral na Prelazia de São Felix desde 1992. Sua atividade pastoral é junto aos povos indígenas da região: Xavante, Kayabi, Karajá, dentre outros. Mestre em Educação atua na formação continuada de professores Indígenas, nas escolas das respectivas aldeias.