O amor e a misericórdia de deus abraçam todos os povos da terra

Reflexão litúrgica: Quarta-feira, 11/10/2023,
27ª Semana do Tempo Comum,
Memória de São João XXIII, Papa

 Na Liturgia desta quarta-feira, 27ª Semana do Tempo Comum, vemos na 1a Leitura (Jn 4,1-11), o motivo da fuga de Jonas: ele sabe e não aceita que Deus seja clemente e misericordioso. Jonas proclama a fé em Deus com a boca, mas sua vida e prática a negam. Ele prefere morrer a aceitar que Deus seja misericordioso com os estrangeiros. Em sua mentalidade, é justo que somente Israel seja privilegiado.

Ao invés de se alegrar, Jonas fica profundamente decepcionado com a conversão dos ninivitas e com o perdão concedido a eles por Deus: “Deus viu o que eles fizeram e como se converteram de sua má conduta. E Deus se arrepende do mal que ia fazer, e não o fez” (Jn 3,10). Jonas tem o coração fechado e não consegue aceitar que Deus seja bom para os outros. Com delicadeza, Deus aplica-se a educar seu profeta para que compreenda a lição, que também todos nós devemos aceitar. Deus lhe dá uma lição, para que se confronte e se questione diante do seu próprio egoísmo. As ideias e preconceitos humanos não podem circunscrever Deus. Seu amor e misericórdia abraçam todos os povos da terra.

No Evangelho (Lc 11,1-4), Jesus nos ensina a rezar de forma permanente e amorosa diante da presença do Pai. Ele nos diz que a oração deve expressar nossa maneira de existir, pois o espelho de como rezamos será a forma como viveremos. Vive-se como se reza, portanto, devemos rezar bem para viver bem. A oração precisa ser de filhos, não de escravos, mas de colaboradores, de acolhida, de perdão e, acima de tudo, de amor incondicional. O Nosso louvor na oração não é somente por nossas virtudes, mas, sobretudo, pela misericórdia de Deus que derramou em nós sua graça e seu Espírito Santo. Quando rezamos, Deus nos dá o que precisamos, nem sempre de acordo com o que buscamos. Deus não nos dá necessariamente o que pedimos, mas o que precisamos. A questão é o que precisamos? Maturidade, mais compromisso de entrega pelo Reino de Deus. “Senhor, ensina-nos a rezar”. Face ao pedido que os discípulos fazem, Jesus apresenta uma oração: “Nela se mostra o que verdadeiramente vale diante de Deus e deve importar a quem se coloca à sua escuta: seu Reino inspirando os modos de agir dos seres humanos, estabelecendo a partilha e o perdão em todos os âmbitos da vida, fortalecendo a resistência ante as seduções que possam desviar desse caminho. A oração deve ser expressão das efetivas necessidades, na consciência de que o Pai as conhece e acolhe, mas principalmente de que ele oferecerá o Espírito Santo para fortalecer e guiar no caminho de seguir Jesus” (Bíblia Edição Pastoral).

O Catecismo da Igreja Católica, a partir do parágrafo 2.558, nos apresenta as Fontes de Oração, entre elas, a Palavra de Deus, que percorre os seguintes degraus:

1º) Leitura do texto: conhecer, respeitar, situar, será o ponto de partida.

Questão: O que diz o texto? Explicação, exegese.

2º) Meditação: ruminar, dialogar, atualizar (para o eu e o social).

Questão: O que diz o texto para mim, para nós, hoje? Aplicação, hermenêutica.

3º) Oração: súplica, louvor, aqui está a força da Palavra, é viva, mexe.

Questão: O que o texto nos faz dizer a Deus? Nossa resposta à Palavra de Deus.

4º) Contemplação: saborear, enxergar, agir. Ponto de chegada.

Questão: Novo olhar sobre a vida e a história, sobre os fatos. Experiência de Deus, compromisso com o Reino de Deus, para sempre. Ninguém nos tirará a alegria de ser livres.

Boa reflexão e que possamos produzir muitos frutos para o Reino de Deus.


Padre Leomar Antonio Montagna é presbítero da Arquidiocese de Maringá, Paraná. Doutorando em Teologia e mestrado em Filosofia, ambos pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUCPR – Câmpus de Curitiba. Foi professor de Teologia na Faculdade Missioneira do Paraná – FAMIPAR – Cascavel, do Curso de Filosofia da PUCPR – Câmpus Maringá. Atualmente é Pároco da Paróquia Nossa Senhora das Graças em Sarandi PR.