Terça feira da Vigésima Nona Semana do Tempo Comum. No mês das missões, vamos cumprindo a nossa missão: ser testemunhas do Ressuscitado, arregaçando as mangas e pisando no chão da história, construindo o Reino. Nossa missão é evangelizar! Evangelizando-nos na coerência do seguimento de Jesus de Nazaré. Ao sermos batizados, cada um de nós, carrega em si esta missão de fazer o Reino acontecer no aqui e agora de nossa história. Jesus, a Testemunha Fiel, segue caminhando conosco, conforme já anunciara através de Mateus: “Eis que eu estarei com vocês todos os dias, até o fim do mundo”. (Mt 28,20)
Todos somos chamados a participar de uma nova comunidade (batismo), que se compromete a viver de acordo com o que Jesus ensinou: praticar a justiça em favor dos pobres e marginalizados. Foi assim que fez Santo Antônio Maria Claret (1807-1870), que celebramos hoje a sua festa. Ele que foi um sacerdote e arcebispo de Cuba, fundando em 1849, a ordem dos Padres Claretianos, também conhecida como Congregação dos Filhos do Imaculado Coração de Maria. Teve uma participação significativa no Concílio Vaticano I (1869-1870), onde defendeu a infabilidade do Papa (o Papa é infalível). Foi beatificado pelo Papa Pio XI em 1934 e canonizado por Pio XII em 1950.
“Para você se salvar, você tem que ter a eternidade na mente, Deus no coração e o mundo debaixo de seus pés”, assim acreditava Santo Antônio Maria Claret. Os Claretianos, companheiros deste santo de hoje, fizeram e fazem história em nossa caminhada eclesial. Um dos mais conhecidos deles é o nosso bispo Pedro, que no dia de ontem, tivemos a alegria de comemorar os 52 anos de sua ordenação episcopal, ocorrida no dia 23 de outubro de 1971, ao ar livre, às margens do Rio Araguaia, por Dom Fernando Gomes dos Santos, arcebispo de Goiânia e Dom Tomás Balduíno. O primeiro bispo da Prelazia de São Félix do Araguaia, criada pelo Papa Paulo VI, em 1970, com os seus 150 mil km2 de extensão, e muitos desafios. Prelazia que aprendi a chamar de minha, num casamento in eterno.
“Evita o orgulho, porque é pior do que a fome, a sede e o frio”, aconselhava o nosso santo de hoje. Jesus, por sua vez nos orienta: “Que vossos rins estejam cingidos e as lâmpadas acesas”. (Lc 12,35) Vigilância é a palavra chave do Evangelho desta terça feira. Na época de Jesus, era comum o traje de longas túnicas, amarradas à altura dos rins, a fim de facilitar a locomoção no dia-a-dia, dando firmeza à caminhada e livre movimento às pernas. “Estar com os rins cingidos” significava estar preparado para a jornada de trabalho. Na compreensão de Jesus, cada pessoa deve estar preparada e vigilante. Uma vigilância ativa, praticando as ações de cada dia, aguardando a vinda do Senhor, que a qualquer momento pode acontecer. “Quanto a esse dia e essa hora, ninguém sabe nada, nem os anjos do céu, nem o Filho. Somente o Pai é quem sabe”. (Mt 24,36)
“Vigiai e orai para ficardes de pé, ante o Filho do Homem!” (Lc 21,36) A vigilância ativa acompanhada da oração. Manter viva a esperança, através de um espírito orante. Orar sem cessar, para não desanimar, frente aos desafios e obstáculos da vida. Não uma oração mecânica, vazia de sentido e descontextualizada, mas aquela que nos coloca em sintonia permanente com o Projeto de Deus na pessoa dos empobrecidos. É preciso ter clareza disto, pois facilmente nos fechamos ao nosso modo habitual de viver, caímos na acomodação e na falta de atenção àquilo que acontece ao nosso redor. Alguns de nós, ainda se apegam às falsas seguranças, deixando de lado o essencial que é caminhar de mãos dadas com os irmãos de fé no seguimento de Jesus de Nazaré.
Estarmos preparados, atentos e vigilantes é o nosso maior desafio. “Rins cingidos e as lâmpadas acesas” (Lc 12,35), para que nada nos desvie do foco principal. Num mundo marcado por tantos atrativos tentadores, não é fácil manter-nos vigilantes e atentos. A vigilância ativa é a condição daqueles e daquelas que não se acomodam e ficam simplesmente esperando que algo possa lhes acontecer. A oração pé no chão, tem o poder de nos ajudar a caminhar pelos caminhos com Jesus. “Amar como Jesus amou. Sonhar como Jesus sonhou. Pensar como Jesus pensou. Viver como Jesus viveu. Sentir o que Jesus sentia. Sorrir como Jesus sorria. E ao chegar ao fim do dia. Eu sei que dormiria muito mais feliz”. (Amar como Jesus amou – Padre Zezinho)
Francisco Carlos Machado Alves conhecido como Chico Machado, foi da Congregação do Santíssimo Redentor, os Redentorista, da província de São Paulo. Reside em São Felix do Araguaia no Mato Grosso e é agente de Pastoral na Prelazia de São Felix desde 1992. Sua atividade pastoral é junto aos povos indígenas da região: Xavante, Kayabi, Karajá, dentre outros. Mestre em Educação atua na formação continuada de professores Indígenas, nas escolas das respectivas aldeias.