Deus não nos pede licença para agir no mundo e, muitas vezes, de forma muito diferente do que pensamos e agimos

Reflexão litúrgica: segunda-feira
06/11/23, 31ª Semana do Tempo Comum

 

Na Liturgia desta segunda-feira, 31ª Semana do Tempo Comum, na 1a Leitura (Rm 11,29-36), vemos que o povo que recebeu as maiores provas resiste e rejeita o Projeto de Deus em Jesus Cristo. “A quem muito foi dado, muito será pedido; a quem muito foi confiado, muito mais será exigido” (Lc 12, 48). O Projeto de Deus é muito maior que um povo exclusivo. Deus não nos pede licença para agir no mundo e, muitas vezes, de forma muito diferente do que pensamos e agimos.

Neste texto o Apóstolo Paulo também apresenta um hino de louvor que exalta a sábia e misteriosa misericórdia divina. Deus, apesar de todos os pecados dos seres humanos, continua a planejar caminhos novos e impensados para levar-lhes a salvação.

No Evangelho (Lc 14,12-14), Jesus nos ensina a modéstia e a gratuidade na perspectiva do Reino de Deus. Na casa de um fariseu, durante a refeição, Jesus não fica refém de seus anfitriões, oferece dois ensinamentos importantes: um dirigido aos convidados e outro para o anfitrião. Ao dono da casa, Jesus ensina a não convidar as pessoas de bem, mas as que não podem retribuir, pois só assim demonstramos gratuidade: “Quando deres um almoço ou um jantar, não convides seus amigos, nem seus irmãos, nem seus parentes, nem os vizinhos ricos”. Aos convidados, ensina a não procurar o primeiro lugar, para que o dono da casa possa apontar o lugar mais importante: “Se te convidam a um banquete de bodas, não te coloques no primeiro lugar”. Ocupar o último lugar, o lugar do serviço, mais que um gesto isolado, indica uma atitude: a humildade de quem se reconhece necessitado dos outros, de quem é apenas convidado e não o dono da festa da vida.

Quanto ao Evangelho de hoje, podemos fazer as seguintes considerações:

1º – O dono da casa é Deus, Jesus Cristo;

2º – O Banquete é o Reino de Deus, universal, todos são convidados;

3º – A mesa é o espaço de relações, de partilha, não só de alimentar-se, mas de viver a intimidade, os projetos e a dignidade. Em nossos relacionamentos, acolhemos e nutrimos a caridade, o respeito e o diálogo?

4º – A quem convidamos para nossos eventos? Teria lugar para o profetismo nestes lugares? Quem a sociedade mais valoriza? O que rende mais: a aparência do ter, do prazer e do poder ou a opção pelos mais necessitados? O que as pessoas mais preferem?

5º – Quem vai ser convidado a entrar no Reino de Deus? Aquele que foi humilde e se colocou a serviço dos outros, assim como foi a vida de Jesus que veio para servir. “Eis que venho e com prazer faço a vossa vontade” (Sl 39).

Pensemos em nossas ações pastorais, em nossas opções políticas e em nossas atividades profissionais: Quem e o que colocamos em primeiro lugar? Pensemos a que vale a pena, de fato, nos apegarmos. Lembremo-nos daquele rei que era temente a Deus e, também, amava o seu povo e, antes de assumir o poder, queria escolher um lema para seu governo. Então, lançou um desafio para os súditos: elaborar uma frase em que os dizeres deveriam servir para quando ele estivesse triste e, ao mesmo tempo, quando estivesse muito feliz. O vencedor da frase escolhida seria promovido. Entre tantas frases, o rei escolheu uma com duas palavras, que não foi importante apenas para o seu desempenho, como deveria fazer-nos pensar em tudo que fazemos e a tudo que nos apegamos. A frase era: “Tudo passa”.

Boa reflexão e que possamos produzir muitos frutos para o Reino de Deus.


Padre Leomar Antonio Montagna é presbítero da Arquidiocese de Maringá, Paraná. Doutorando em Teologia e mestrado em Filosofia, ambos pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUCPR – Câmpus de Curitiba. Foi professor de Teologia na Faculdade Missioneira do Paraná – FAMIPAR – Cascavel, do Curso de Filosofia da PUCPR – Câmpus Maringá. Atualmente é Pároco da Paróquia Nossa Senhora das Graças em Sarandi PR.