A oração é o ALIMENTO da vida cristã. Não deve ser algo que busco somente nas horas mais difíceis da minha vida. Ela é um DIÁLOGO franco que estabelecemos com Deus e que nos coloca em sintonia com o projeto revelado em Jesus. Orar sempre, como Jesus fazia e despertava a curiosidade de seus discípulos, que não entendiam o porquê de tantos momentos que ele reservava para DIALOGAR COM DEUS. Orar com persistência e constância, num sussurro permanente. Abrir o coração em transparência com Deus que sabe tudo, mas espera por este momento conosco.
Ensina-nos a rezar, imploravam os discípulos, que não conseguiam acompanhar o ritmo de seu mestre nas suas VIGÍLIAS DE ORAÇÃO. Faltava-lhes paciência para dedicar uma parte do seu dia para fazer como Jesus. Este é o nosso desafio de também encontrar momentos, na correria da vida para rezar. E nas muitas vezes que paramos para dedicar à oração, nos perdemos em tantas repetições, que mal prestamos atenção na forma MECÂNICA como dirigimos a nossa oração. Frases feitas, orações já elaboradas, decoradas pela memória, que vira um amontoado de REPETIÇÕES VAZIAS e DESCONEXAS, sem saber ao certo nem o que estamos dizendo.
Há várias formas de oração. Cada qual encontrará o seu jeito próprio de se dirigir à Deus em oração. Trata-se também de um grande exercício, que vamos aperfeiçoando com o tempo. Vamos amadurecendo a nossa oração, na medida em que vamos exercitando. E, ao contrario do que muitos de nós possamos pensar, a função da oração não é INFLUENCIAR DEUS, para que atenda aos nossos caprichos, anseios e interesses, mas antes mudar a nossa natureza pela oração. Para isto, precisamos passar por um processo de conversão, uma METANOIA, que é um processo de arrependimento e conversão. Uma mudança de vida pessoal radical, moralmente, intelectualmente e também espiritualmente.
Uma mudança de vida e de atitude, perante a realidade e às pessoas. A oração tem este poder, desde que nos deixemos ser tocados e penetrados pela GRAÇA DE DEUS. Uma imersão no ESPÍRITO que vai tomando conta de todo o nosso ser, num mergulho profundo nas águas da graça divina que TRANSFORMA TODAS AS COISAS. O apóstolo Paulo nos dá uma dica muito legal. Diz ele: “Quando orardes, não sejais como os hipócritas, que gostam de rezar em pé, nas sinagogas e nas esquinas das praças, para serem vistos pelos homens. Em verdade, vos digo: eles já receberam a sua recompensa.Ao contrário, quando tu orares, entra no teu quarto, fecha a porta, e reza ao teu Pai que está oculto. E o teu Pai, que vê o que está escondido, te dará a recompensa. (Mt 6, 5-6)
Os grandes místicos, os homens e mulheres que dedicaram suas vidas ao seguimento de Jesus, sempre foram pessoas de profunda oração. Lembro das vezes que via o bispo Pedro, sentado na capela que fica nos fundos da sua casa, dedicando horas a fio ali. Não se ouvia nenhum ruído. Seus olhos não olhavam alhures, mas mantinha uma SINTONIA de CORPO e MENTE numa relação de AMOROSIDADE com DEUS, que me deixava encabulado. Podíamos tentar de todas as formas que não conseguíamos fazer tamanho exercício de ASCESE. Por isso a necessidade de se fazer também um caminho na oração. Caminho que faço através do exercitar. Oração esta que vai mostrar-me o caminho por onde devo trilhar.
Não é de todo fácil fazer tal experiência. Enquanto não sentirmos o verdadeiro valor da oração, ficaremos sempre a meio caminho do encontro a sós com o Senhor. Devemos entender também que a grandeza da oração consiste principalmente no fato de não ter respostas, para muitas coisas que trago em mim. Dai resulta que essa troca não inclui qualquer espécie de comércio, como se eu estivesse fazendo uma negociata com Deus. Não é esta a função da oração. Santo Agostinho, com toda a sua sabedoria, dizia que a oração é o encontro da sede de Deus com a sede do homem.
Precisamos reservar tempo de nossas vidas para estar a sós com Deus. Este é um exercício diário. Momento em que bebo da fonte do próprio Deus, quando me desnudo do meu egoísmo e de todos os meus interesses pessoais e me entrego confiante nas mãos de Deus. E nesta entrega confiante NELE, suplicamos que nos conceda, serenidade necessária, para aceitar as coisas que não podemos modificar, coragem para modificar aquelas que podemos e sabedoria para distinguirmos umas das outras. Rezar sempre: “Rezem sem cessar. Dêem graças em todas as circunstâncias, porque esta é a vontade de Deus a respeito de vocês em Jesus Cristo.” (1 Tes 5, 17-18) Ensina-nos a rezar, Senhor!.