Sábado da Segunda Semana do Advento. Estamos chegando no final de semana que antecede o Natal. 16 de dezembro é o 350.º dia do ano de nosso calendário. 15 dias mais e nos despedimos deste, e entramos no novo. Todo este período que estamos vivendo, nos remete ao Natal. Por mais que a maioria das pessoas sejam movidas por ideias consumistas, este é o tempo que, como cristãos, nos preparamos para a chegada d’Ele. Vinde, Senhor Jesus!
“Venha teu Reino, Senhor! A festa da vida recria. A nossa espera e ardor, transforma em plena alegria”. O coração está em festa. O novo, está chegando, e renova todas coisas. Deus escolhe uma família simples e pobre, para fazer nascer dentro dela, aquele que vem salvar o seu povo. É na simplicidade e na pureza, que Deus manifesta toda a sua amorosidade por nós. Seu Zé e a dona Maria, souberam muito bem o que isto quer dizer.
Meu dia começou muito cedo, desbravando as ruas de Goiânia, sendo conduzido por um motorista de aplicativo, com destino a mais um dos meus exames médicos. Rezei no silêncio da clínica de imagem, sendo observado por aqueles que ali aguardavam. Me veio à mente a cena transcorrida no texto do Evangelho deste sábado: Elias, João Batista e Jesus.
Nestes dias que antecedem o nascimento do Deus-Menino, estamos conhecendo um pouco do Batista e sua missão. Todos sabemos que a missão de João Batista era anunciar os tempos messiânicos, realizando o que se esperava com a vinda de Elias. Todavia, a sua missão não foi reconhecida pelas autoridades do povo, e a trágica morte dele, já é o prenúncio de como será a missão do próprio Jesus.
A referência principal da reflexão no dia de hoje é a de Elias. Um personagem ilustre do Antigo Testamento. O profeta Elias, Eliyahu em hebraico, era o profeta mais popular entre os judeus, pois nenhum profeta está tão intimamente ligado à expectativa do Messias como ele. Todo judeu que aguardava a vinda do Messias olha primeiro para o profeta Elias, pois ele não só anuncia a vinda do Messias em palavras, mas, de fato, a precede/antecede.
Profeta que é profeta traz no sangue as marcas da rejeição. Elias, João Batista e tantos outros mais, foram perseguidos, maltratados, caluniados e mortos por aqueles que os rejeitaram. Esta é a sina para aqueles que se identificam com as causas do verdadeiro Deus que está a serviço dos mais necessitados. Assim como perseguiram e mataram os profetas que vieram antes de Jesus, a mesma coisa, acontecerá com Ele.
Quem tramou e executou a morte do Filho de Deus, não foram os pecadores, os doentes, as prostitutas, mas as lideranças religiosas que estavam dentro do próprio Templo de Jerusalém. A sua identificação com com os lascados, que ninguém dava nada por eles, incomodou demais as estruturas de poder que se escondiam atrás das paredes do Templo. Todos os que são a favor dos pobres e marginalizados, fazendo a sua caminhada com o grupo de Jesus, sabem que terão o mesmo destino d’Ele.
Elias anunciou o Messias com palavras e ações e foi assassinado. Veio João Batista, preparando os caminhos do Senhor, falando a verdade nua e crua, e sua cabeça foi parar numa bandeja. Jesus, cumpre a promessa de Deus, já feita em todo o Antigo Testamento, de vir nascer e habitar no meio do seu povo, e foi parar numa cruz. A nossa sorte, é que Deus tem a última palavra, descendo o Filho da cruz, ressuscitando-o para a vida nova e abrindo as portas à todos nós.
“Toda carne há de ver a salvação que vem de Deus!” (Lc 3,6) Elias, João Batista e até Jesus, continuam sendo rejeitados em muitas de nossas igrejas hoje. A Igreja que se preocupa mais com a religião que com o Evangelho, está matando Jesus. A Igreja que se esconde atrás dos panos, das mordomias e dos preceitos, esquecendo-se dos pobres, está matando Jesus. A Igreja que prega a si mesma e não o Projeto de Deus, revelado pelos profetas de ontem e de hoje, está matando Jesus. E você, é da igreja-religião, ou da Igreja do Evangelho do poder-serviço?
Francisco Carlos Machado Alves conhecido como Chico Machado, foi da Congregação do Santíssimo Redentor, os Redentorista, da província de São Paulo. Reside em São Felix do Araguaia no Mato Grosso e é agente de Pastoral na Prelazia de São Felix desde 1992. Sua atividade pastoral é junto aos povos indígenas da região: Xavante, Kayabi, Karajá, dentre outros. Mestre em Educação atua na formação continuada de professores Indígenas, nas escolas das respectivas aldeias.