A origem messiânica de Jesus

31 de dezembro. Festa da Sagrada Família: Jesus, Maria e José. Sétimo Dia da Oitava do Natal. O ano de 2023 chegando ao seu final. Seus últimos suspiros sendo ouvidos dentro das nossas expectativas, prenunciando no horizonte o novo que se aproxima. Dentro de cada um nós, cochila o novo, a espera que se torne realidade. O ano que se encerra trouxe desafios, mas também momentos de superação, aprendizado e crescimento.

Jesus é o Filho de Deus. O Verbo Encarnado. O Menino-Jesus, homem-Deus. Humanidade divinizada. O divino se fazendo humano como um de nós. A história humana transmutada pela transcendência de Deus. Ele entrou na realidade humana, de modo que teve que assumir a condição de pessoa humana, de servo, igual ao ser humano em tudo menos o pecado. (Fl 2,6-11)

Jesus que nasce no berço familiar de uma família pobre de Nazaré. Sua origem messiânica está ligada à tradição judaica. O messianismo judaico encontra-se profundamente enraizado na tradição veterotestamentária,
solidamente implantada em Israel. O termo “Messias” mashiah – ungido, está ligado a esta tradição. O título de Ungido/Messias exprime, neste contexto, a autoridade divina do rei, que é escolhido e ungido como representante de Deus no meio do povo, afim de defendê-lo dos inimigos, de administrar corretamente a justiça e de garantir a paz e a prosperidade duradoura.

Deus entra na história humana por intermédio de uma criança. A intervenção divina acontecendo no seio de uma família pobre da periferia de Nazaré, fazendo nascer ali o seu ungido. A experiência desta família leva-nos a pensar nas tantas outras famílias entre nós. É na família que vamos dando os primeiros passos em direção à existência e suas realizações, edificando os valores e construindo princípios.

Segundo a tradição judaica, todo primogênito pertencia a Deus, e devia ser resgatado em cerimônia, por meio de um pequeno sacrifício. Nessa ocasião, também se fazia a purificação da mãe, e se oferecia um cordeiro. Quem era pobre só podia oferecer dois pombinhos, em lugar do cordeiro. Filho de família pobre, o Messias nasce pobre, em lugar pobre, e vem pobre, para os pobres.

Deus tem uma família. A Família de Nazaré. Todos fazemos desta família e estamos inclusos dentro dela, fazendo parte da grande família de Deus. Nossos laços com esta família faz de nós uma só humanidade. Nossa humanidade está grávida da divindade que veio até nós na pessoa do Filho: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. […] E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai. (Jo 1,1-14).

Seguindo o exemplo da Família de Nazaré, as nossas famílias, seguem enfrentando os desafios que a vida se encarrega de nos trazer. O importante é deixar-nos guiar pela mão de Deus. Em muitas situações, sentimo-nos “refugiados”, estrangeiros na nossa própria terra ou no coração de quem amamos; por outro, todos os obstáculos e dificuldades podem transformar-se em uma oportunidade de “êxodo” e de “conversão”, que nos conduzem à serenidade, à paz, à estabilidade. “Que a paz de Cristo reine em vossos corações e ricamente habite em vós sua palavra!” (Cl 3,15a.16a)

 


Francisco Carlos Machado Alves conhecido como Chico Machado, foi da Congregação do Santíssimo Redentor, os Redentorista, da província de São Paulo. Reside em São Felix do Araguaia no Mato Grosso e é agente de Pastoral na Prelazia de São Felix desde 1992. Sua atividade pastoral é junto aos povos indígenas da região: Xavante, Kayabi, Karajá, dentre outros. Mestre em Educação atua na formação continuada de professores Indígenas, nas escolas das respectivas aldeias.