Evangelho Mt 9,18-26

Nesta segunda-feira da XIV semana do tempo comum, começamos a leitura do Livro do profeta Oséias. Esta parte da Escritura deve ser lida e meditada a partir do contexto da aliança. Trata-se de um dos textos mais comovedores da Bíblia, onde a voz de Deus ressoa no coração da esposa infiel para a seduzir de novo, fazer-lhe reencontrar a frescura do primeiro amor e enchê-la de bens. No texto está condensada toda a força do amor esponsal de Deus, que mesmo ferido pela traição do seu Povo, todavia não desiste, até que não tenha reconquistado a Amada. “Eis que eu a vou seduzir, levando-a solidão, onde lhe falarei ao coração; e ela aí responderá ao compromisso, como nos dias de sua juventude, nos dias da sua vinda da terra do Egito”. Aqui está a fidelidade de Deus, que é de sempre e para sempre. Oséias recebe de Deus ordem para amar tenazmente a esposa infiel. Neste episódio, o Senhor revela seu coração de enamorado, tão inflamado de paixão a ponto de ir contra a Lei que prescrevia a morte da adúltera. Este Deus enamorado do homem utiliza os tons da sedução para reconduzir Israel aos tempos do primeiro amor, da libertação do Egito, sobretudo, da caminhada no deserto, onde o povo estava sozinho com seu Deus e nada se intrometia para distrair do colóquio de amor.

No Evangelho de Mateus, temos dois milagres, em que o interesse principal da narrativa é evidenciar a importância da fé em Jesus, que restitui a saúde aos corpos e ressuscita os mortos. Jesus não aparece com multidão, como descreve outro evangelista, mas apenas com os discípulos e com a mulher que crê – só isto importa – e concede a salvação. Assim também com extrema simplicidade, Mateus narra a ressurreição da menina. A fé do pai da menina defunta é uma fé aberta, contra toda esperança, contra toda a evidência, perante a morte. A fé da hemorrágica é a fé de uma pessoa que vence a vergonha e o isolamento em que está envolvida sua existência, e encontra a coragem de se aproximar às escondidas para conseguir á misericórdia.

Diante desta Palavra, nossa oração hoje é a súplica a Deus para que nos ajude a viver no tempo a sua mesma vida no Espírito e a ver todas as coisas à luz radiosa da Sua ressurreição. Mais uma vez pode-se dizer que a relação entre a “fé” e a “vida” sobressai na liturgia como ponto relacional entre as leituras. E como nos diz o Salmo: “Misericórdia e piedade é o Senhor, ele é amor, é paciência, é compaixão. O Senhor é muito bom para com todos, sua ternura abraça toda criatura”.