Chave de leitura – Marcos 13

O capítulo 13 do Evangelho segundo Marcos nos apresenta a continuação do discurso que Jesus começa no capítulo anterior. É um discurso chamado apocalíptico ou escatológico, ou seja, que trata das “últimas coisas”, da vida eterna ou futura.  O cenário onde ele se encontra é o monte das oliveiras diante do Templo de Jerusalém. Jesus alerta para tempos difíceis e confusos, crises. Em suas palavras utiliza quase que enigmas para falar destes tempos. Não faz isso para confundir ainda mais o povo, mas para advertir à cautela e à vigilância. Tão necessárias em tempos de crise (como os que vivemos atualmente).

Vale ressaltar que Jesus utiliza muitas imagens e metáforas para falar das dificuldades que esperavam o povo que são retiradas também da sagrada escritura, dos livros proféticos. Ele traz elementos presentes na literatura dos profetas do Antigo Testamento e alerta para os falsos profetas que podem se aproveitar do medo e da fragilidade das pessoas em beneficio próprio.

O que é imprescindível termos em conta é que sempre que a Bíblia nos apresenta textos apocalípticos não é na pretensão de causar pânico ou fantasias quanto ao futuro. Assim como os textos dos profetas do Antigo Testamento, que tinham como objetivo anunciar o bem que vem do Senhor e denunciar o mal da humanidade corrompida, os textos apocalípticos também querer alertar para o mal que é real no mundo, mas também trazer a esperança da presença de Deus. Percebamos as palavras de Jesus nas atitudes que ele nos pede, não nas notícias trágicas que ele precisa trazer. Vejamos:

“Cuidado, que ninguém vos engane” (13, 5)

“…não vos alarmeis” (13, 7)

“Ficai de sobreaviso” (13, 9)

“Não vos preocupeis com o que haveis de dizer, direis naquele momento o que Deus inspirar” (13, 11)

“Rezai…” (13, 18)

“Quanto a vós, estai atentos, pois vos preveni” (13, 23)

E assim por diante.

Prestemos atenção que o discurso é repleto de denúncias e alertas, mas acima de tudo, repleto de conselhos e orientações, sempre voltados à acalmar nossos corações. Muitas vezes, por não compreender o sentido dos textos apocalípticos da Sagrada Escritura, criou-se muita fantasia e medo em torno deles. Não temamos o futuro, mas como bons ouvintes da Palavra “saibamos dar as razões da nossa esperança”, é isso que Jesus espera quando nos alerta!