Evangelho Mt 12,46-50

Hoje a Igreja celebra a festa de Nossa Senhora do Carmo. Jesus revela que não somente sua mãe, que tinha feito a vontade de seu Pai, durante toda a sua vida, mas nós todos, se obedecermos ao mandamento maior de amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos, seremos considerados por Jesus como seus parentes próximos.

Pode nos parece simples, mas não é. Em primeiro lugar, Maria deu o seu “sim” para o anjo, que tinha perguntado a Ela se aceitava ser a mãe do Salvador, e foi um “sim” incondicional. Ela não sabia o que a esperava. Mesmo assim, jogou-se nas mãos de Deus. A partir daí, superou com seu esposo, José, todas as provações que lhe vieram ao encontro, com desprendimento e disponibilidade. Mas, será que essas virtudes lhe foram infundidas de repente? Não. Maria já as praticava, como boa judia que era, cumpridora da Lei. Assim, quando ficou sabendo pelo anjo que sua prima Isabel estava grávida, não hesitou em deixar sua casa e caminhar por uma semana, subindo a montanha para ajudar sua parenta que já estava no sexto mês. Era o “sim” concretizado em serviço.

“Amarás o Senhor teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todas as tuas  forças e com toda a tua mente” (Lc 10, 27). O mandamento do Senhor encontra a sua plena realização em Maria, que sendo perfeitamente humilde e, por isso mesmo, vazia de si mesma e isenta de egoísmo ou de qualquer apego às criaturas, pode empregar todas as suas energias no amor de Deus. Assim no la apresenta o Evangelho, sempre orientada para o Senhor. A vontade divina, ainda que misteriosa, encontra-a sempre disponível e em atitude de total adesão; o “fiat pronunciado na Anunciação é a atitude constante do seu coração totalmente consagrado ao amor.

Maria vive a sua maternidade divina numa atitude de entrega constante à vontade do Pai e à missão do seu Filho; não conhece hesitações, nem reservas, nada pede para si.  Um dia, em que desejava ver Jesus e falar-lhe, ouviu-se dizer: “Quem é a minha mãe e quem são os meus irmãos ? Todo Aquele que fizer a vontade de meu Pai que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe.

Maria acolheu no seu coração a resposta austera e, com maior amor do que antes, continuou a viver a vontade divina que lhe pedia tão grande renuncia. Desta maneira, Maria nos ensina que o verdadeiro amor e a autêntica união com Deus não consiste nas consolações espirituais, mas sim na perfeita conformidade com o seu querer divino.