Evangelho Mt 17,1-9

Hoje a Igreja celebra a festa da Transfiguração do Senhor. A transfiguração de Jesus está presente nos evangelhos sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas). Mas cada evangelista deu a esse fato cores próprias, de acordo com os objetivos de cada um. Para Mateus, a transfiguração de Jesus serve para mostrar que ele é o novo Messias, o Servo de Javé e o Profeta por meio do qual chega a nós o Reino da Justiça.

Mateus situa o episódio “seis dias depois”. Esse dado merece consideração. O evangelista está pensando na semana da criação (Gn 1). No sexto dia Deus criou o ser humano. Lá se afirma que, a seguir, Deus descansou. Aqui, seis dias depois, Jesus mostra, mediante a transfiguração a plena realização daquilo que Deus planejou para o ser humano.

Seis dias antes de sua Transfiguração Jesus preveniu seus discípulos “que precisava ir a Jerusalém e sofrer muito da parte dos anciãos, dos príncipes dos sacerdotes e dos escribas; seria morto e ressuscitaria ao terceiro dia” (Mt 16,21). São Pedro, então interpelou Jesus e tentou dissuadi-lo de ir a Jerusalém para se deixar prender e sofrer ate ser morto. O mestre lhe respondeu que seus pensamentos não eram de Deus, mas sim, dos homens. Neste dia, nosso Senhor levou consigo Pedro, Tiago e João ao Tabor e lá se transfigurou diante deles. Da nuvem que se formou veio a voz do Pai: “Eis meu Filho, muito amado, em quem pus toda a minha afeição: ouvi-O” (vv.1-5).

Mateus fala de uma montanha alta. Para o povo da bíblia, a montanha é o lugar onde Deus se dá a conhecer. Essa montanha contrasta com a das tentações, onde Jesus foi tentado a realizar a justiça do Reino mediante a usurpação do poder. A montanha das tentações é o lugar da manifestação da idolatria.

O texto afirma que o rosto de Jesus brilhou como sol e as sias roupas ficaram brancas como a luz. Isso demonstra que a justiça do reino vai triunfar.

Moisés e Elias, que representam respectivamente a Lei e os profetas, foram pessoas que falaram diretamente com Deus no monte Sinai. Agora porém, estão falando com Jesus (v. 3), o homem que fala em Nome de Deus. A partir desse momento, as pessoas falam diretamente com Deus falando com Jesus.

Pedro pretende por Jesus em pé de igualdade com Moisés e Elias, fazendo uma tenda para cada um deles: “Se queres, vou fazer aqui três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias” (v. 4). Mas Jesus havia afirmado que veio para dar pleno cumprimento à Lei e aos Profetas, representados por Moisés e Elias. Além disso, “todos dos profetas bem como a Lei profetizaram ate Joao” (11,13). Jesus é, para nós, aquele que trouxe nova lei e cumpre as profecias. De fato, é uma característica de Mateus, em todo o seu Evangelho, mostrar que Jesus cumpre as profecias.

A transfiguração de Jesus é sinal de sua ressurreição vencendo a morte e a sociedade violenta que o matou. Ela se torna, assim, anuncio da vitória da justiça sobre a injustiça. Nada nem ninguém poderão deter o projeto de Deus que é liberdade e vida para todos.