Desafeição para as Missas presenciais

Queridos irmãos e irmãs.

Há tempo estou refletindo sobre este fenômeno que se pode chamar de desafeição: acomodação nas próprias casas e não querer ir na Igreja, para participar com toda a comunidade da Eucaristia. É um fenômeno presente não só em Coxim ou no Brasil, mas no mundo inteiro. Nas minhas leituras, encontrei nestes dias o bispo de Pavia na Itália que falava desta desafeição. Tempo atrás, na mesma maneira, um bispo da Alemanha.

Um teólogo dizia que, no futuro, vamos perder muitos fiéis nas nossas Igrejas. Deixando de lado estas profecias, eu volto a refletir sobre a nossa atuação religiosa, preocupada com a saúde. E isso está certo. Sempre nós falamos, obedecendo ao Papa Francisco, de “Prudência e Obediência”. Até agora, todos nós Padres falamos mais de não ir na Igreja do que ir. Conhecemos os protocolos sanitários e os respeitamos.

Até que os idosos de 60 anos pra cima eram proibidos, praticamente, de sair de casa, eu aceitava com muita serenidade, que esta faixa de risco não viesse na Igreja.
Mas em Coxim, o Ministério Público permitiu aos idosos ir nos comércios.
Agora eu me pergunto: qual é a dificuldade para eles ir na Igreja?

Será que o vírus se encontra só na Igreja? Além disso, todos podem ver como em todas as nossas Igrejas, as proteções de distanciamento social, o uso de máscara e do álcool gel são religiosamente observadas. Está na hora de arrebanhar os nossos fiéis.

É verdade que muitos “assistem” à Missa nas TVs ou no Facebook, mas isso é válido só para doentes ou impedidos de se mover. Tem tanta gente que pode tranquilamente vir na Igreja. E não vale dizer que tem filhos pequenos. É maravilhoso a família inteira participar da Eucaristia. Até agora a família rezou em casa todos juntos e foi bonito. Agora, sem esquecer os momentos de oração em casa, precisa celebrar o momento mais importante da nossa fé, onde não só se escuta a Palavra de Deus, mas temos o Filho de Deus que se torna alimento para a nossa caminhada de fé e nós nos podemos oferecer junto com Ele, como oferta única ao Eterno Pai pela salvação do mundo. Isso é a Missa e dela nós precisamos, porque é um banquete e quem pode viver sem comer? Não falamos, depois, dos jovens. Neste período as nossas Igrejas deveriam estar cheias de jovens. Para eles não tem nenhum protocolo. Mas cadê os jovens? Tem jovens de tantos Movimentos que poderiam participar, mas não está acontecendo.

Outra verdade linda é que todas as paróquias estão-se organizando no uso dos meios modernos: Live, Webinar, Whatsapp, Facebook etc…. Tudo isso é bom. Na Carta Pastoral, dias atrás, eu dizia que devemos gastar neste sentido. Mas repito: nada pode substituir a Eucaristia, celebrada em comunidade.
Sobre flexibilização, quero fazer uma pequena observação: tantas coisas foram flexibilizadas, mas o protocolo das Igrejas ficou como no primeiro dia. Não seria o momento de diminuir o peso daquelas normas? Já encontrei isso em Rio Verde.
O “Fique em casa” rígido do início se tornou “Fique em casa, se puder”. Agora poderíamos dizer: “Continue em casa, mas não se esqueça de seu Pai”. Nosso pai é Deus, que encontramos na comunidade.

Daqui a poucos dias, vai iniciar a Novena a Nossa Senhora Aparecida. O culto dela está presente em todas as paróquias. É claro que não podemos receber multidões, mas também
A presença da Mãe neste tempo de pandemia vai ajudar a dar serenidade e esperança.

Os padres, nas igrejas mais frequentadas, estão aumentando as Missas, para dar possibilidade a todos de participar. Não vamos ficar desleixados na observância das normas.
Nossa Senhora mesma, sendo mãe, vai cuidar.
Queridos irmãos, quis tratar este assunto, no meu amor de pai e pastor.

Não quero desrespeitar as normas, nem ir além de quem tem responsabilidade, mas também, como responsável duma comunidade de fiéis, cabe a mim apresentar o meu pensamento.

Com afeto (afeição), 

† Dom Antonino Migliore
Bispo de Coxim – MS