Mt 20, 1-16
Caríssimos:
Mais uma vez, Jesus nos deixa incertos com o seu ensinamento, que parece romper os nossos esquemas de justiça trabalhista. Se Jesus quisesse, hoje em dia, pagar um salário igual a operários com carga horária diferente, suscitaria as reações imediatas dos sindicatos e provocaria protestos e reclamações trabalhistas.
“Meus pensamentos não são como os vossos pensamentos e vossos caminhos não são como os meus caminhos” diz o Senhor (Is 5, 8) e o salmo 144 exclama: “Grande é o Senhor e muito digno de louvor, e ninguém pode medir sua grandeza.
O Senhor é muito bom para com todos, e sua ternura abraça toda criatura. É justo o Senhor em seus caminhos”.
O patrão contrata diaristas, que começam trabalhar em horários diferentes e acabam o dia ao mesmo tempo. A remuneração é igual para todos. Por isso surgem reclamações. Qual a mensagem que Jesus quer transmitir?
A resposta está no modo de fazer de Jesus, em toda a sua vida e descrita com abundância de pormenores pelos Evangelhos: os “fariseus”, os “justos”, os “primeiros” acham ruim, se escandalizaram, quando Jesus oferece a sua salvação também aos “pecadores” aos “últimos”. os murmuradores, os descontentes não reclamam por aquilo que eles receberem, e era o justo, mas porque os outros, os últimos também ganharam a a mesma coisa.
a mensagem é para todos os que se escandalizam pelo fato que Jesus abriu o Reino de Deus e do Evangelho aos pecadores, aos humildes, aos últimos. O Reino de Deus não é um salário, um direito, mas um dom.
A nova Aliança esta baseada, não sobre as obras da lei, mas na inciativa divina feita de amor e comunhão. O homem é convidado a participar com alegria e sem limites.
A justiça mede pelo lado do merecimento, a bondade, no entanto, olha para o lado da necessidade e da dignidade da pessoa. Isso quer dizer que Deus é tão bom que faz participar em seu Reino também os publicanos e pecadores.
Atentos, também nós, a não cultivar em nosso coração a inveja em relação aos que são beneficiados pela generosidade de Deus.
Penso, neste momento, que Jesus quer mostrar para a criatura humana todo o carinho e todos os cuidados que uma mãe se desvela em dar a todos os filhos. A mãe manifesta que seu amor a cada um dos filhos e preocupações maiores se dirigem-se para aquele que mais precisa.
É sempre o poder do amor que Deus manifesta para conosco. Toda Bíblia fala de um Deus que procura estar perto de quem criou para a vida e para a felicidade. A proposta de Deus é para que todos respondam ao seu convite.
Assim multiplicar-se-á a alegria na casa do Pai.
Cartas Pastorais 2012
† Dom Giovanni Zerbini
Bispo Emérito da Diocese de Guarapuava