Quem semeia vento…

Apesar de todo fogo por aqui, os ipês estão floridos. Cada um mais lindo que o outro. As mais variadas cores. É a natureza resistindo a nossa ação predatória. Os ipês se fazem imponentes num cenário, onde quase tudo foi destruído, queimado. Bastaram alguns poucos pingos de chuva, para a natureza dar uma resposta positiva de rejuvenescimento. A natureza é sábia, mesmo diante da nossa irracionalidade e insensatez.

É a esperança que renasce. Nunca, jamais, devemos perder a esperança. O Papa Francisco tem até insistido: “Não deixem que te roubem a esperança.” Ela é fundamental para continuarmos acreditando em nós mesmos e nas pessoas, mesmo diante de tantas tragédias provocadas por estas. “A esperança é a última que morre”, já nos diziam os mais velhos. Mesmo diante dos pessimistas de plantão, que vão nos dizer: “mas morre!”

Nunca devemos nos esquecer que a esperança é, antes de tudo, uma palavra vencedora. Ela nos impulsiona a seguir em frente. Quando tudo ao nosso redor parece perdido, irremediável, destruído, ela reaparece, dando-nos sinais de vida para nos salvar. Ela é capaz de transformar a derrota em vitória, o perigo em alívio, o desespero em alegria. Da esperança tudo pode renascer, ainda que pareça impossível um novo amanhecer, um recomeçar.

A liturgia de hoje (26), nos coloca diante de uma situação complexa. O texto de Lucas anuncia para nós, uma fala dita pelo próprio Jesus aos seus seguidores: “Prestem atenção ao que eu vou dizer: o Filho do Homem vai ser entregue na mão dos homens.” (Lc 9, 44). Evidentemente que os discípulos, num primeiro momento, ficaram assustados com esta fala, mas não tiveram também a coragem para perguntar a Jesus o que aquilo queria dizer. Todavia, enquanto eles não mudarem sua idéia sobre a própria pessoa do Messias, eles jamais conseguirão realizar atos de libertação, que darão continuidade à missão de Jesus. Trata-se de um aprendizado, uma compreensão do messianismo de Jesus. Ou seja, enquanto eles não mudarem os pensamentos que tem a respeito do poder. Enquanto persistir entre eles o desejo do poder que domina, não haverá possibilidade alguma de construir o Reino querido por Deus.

Trata-se de uma mudança radical no modo de ver, pensar e agir, acerca da proposta de Jesus. Coisa (Coiso) que nem todos conseguem compreender na sua amplitude. Passar por esta experiência precisa assumir um processo de transformação, de mudança de vida, de conversão. Não é qualquer ideia que se tem acerca de Jesus, que possibilitará a compreensão do verdadeiro messianismo de Jesus. Alguns “Messias” por aí afora, até que tentarão fazer esta hermenêutica, enganando alguns incautos, inventando até palavras de efeito, mas sem significância alguma. Ou alguém sabe o que quer dizer a palavra “Cristofobia” na sua essência?

Vivemos dias difíceis e complicados. Com tanta destruição, chegará o momento que precisaremos passar o nosso Brasil a limpo e fazer todo o processo de reconstrução. Quanto mais tempo eles passarem por lá, mais teremos que reconstruir. Eles, os arautos da mentira, seguem semeando vento. E todos nós sabemos que: “quem semeia vento, colhe tempestade. ”Na verdade, esta é uma frase bíblica do Antigo Testamento, retirada de Provérbios: “Quem semeia vento colhe tempestade; quem semeia o mal recebe maldade e perde todo o poder que possuía. (Pr 22, 8)

Com tanta maldade semeada entre nós. Com tantos direitos sendo suprimidos. Com tantas conquistas que já tivemos, em relação aos nossos direitos. Com tanto ódio disseminado pelas pessoas do mal, a gente até pensa em desanimar e perder o foco. Mas, do nosso lado, está o Autor da vida. Ele sempre terá a última palavra. E Ele está a nos dizer que o bem, tem raízes que ultrapassam a esfera pessoal. É por isso que na vida, uma pessoa muito boa, que sempre “semeou o bem” pode sofrer, pode passar por momentos difíceis. Do mesmo modo, pessoas ruins podem aparentemente viver bem e achar que triunfarão. O importante, para nós, que seguimos a Jesus, e nos dizemos cristãos, é que devemos continuar fazendo a nossa parte, pois o bem prevalecerá sempre, mesmo com tantas semeaduras dos ventos da maldade.