O Evangelho deste final de semana, Mt 21,28-32, nos ensina que todos nós somos convidados pelo Senhor para colaborar com Ele na construção do Reino. O Reino de Deus é um dom oferecido gratuitamente a todos nós. Não é uma realidade humana, embora já se realize na história da humanidade. É pura graça, ou seja, fruto da iniciativa divina. No entanto, para que ele se realize entre nós, o Senhor conta com a nossa cooperação.
A partir deste domingo, começamos a acompanhar uma série de investidas dos fariseus e saduceus contra Jesus. O Mestre revela que o Reino de Deus não é daqueles que se consideram justos, mas dos que se abrem para a graça de Deus. Esta novidade provoca a indisposição de muitos grupos. Os chefes do povo não estão abertos para a novidade do Reino. Novamente, eles vêm seus interesses e esquemas ameaçados pela proposta de Jesus. Depois de contar a Parábola dos Dois Filhos (v. 28-30), Jesus provoca o julgamento dos saduceus e dos fariseus. (v. 31) A palavra do Senhor tem um tom profético. Ela revela a dureza de coração daqueles que deveriam ser os primeiros a acolherem a graça do Reino e a abertura daqueles que marginalizados por causa de sua condição pecadora. (v. 32) Jesus Desmascara a hipocrisia das autoridades que julgava os pecadores, mas não era capaz de se abrir para a vontade de Deus.
A parábola deste final de semana deve nos provocar um profundo exame de consciência e uma verdadeira avaliação da nossa práxis pastoral. A dureza de coração dos fariseus também pode contaminar nossa vida espiritual. Muitas vezes, nós nos julgamos melhores por causa da nossa experiência de fé, por causa do nosso conhecimento ou até mesmo por causa da caminhada eclesial e fecharmo-nos para toda e qualquer novidade que o Senhor possa suscitar entre nós. O Reino de Deus é dinâmico. Temos que estar abertos aos sinais dos tempos. É muito fácil ter fé em Jesus. Porém, isso não é o suficiente para que o Reino se realize entre nós. É preciso deixarmo-nos moldar por essa fé. Lembremo-nos do que disse Jesus em outro momento: “Nem todo aquele que me diz: ‘Senhor, Senhor’, entrará no Reino dos Céus.” (Mt 7,21) Nossa fé não pode ser mera formalidade, mas deve ser uma adesão livre e sincera à novidade de Jesus.