No Evangelho deste final de semana, Mt 21,33-43, continuamos acompanhando o discurso de Jesus sobre o Reino de Deus e sua tensão com os chefes do povo. Novamente, o Senhor desmascara a hipocrisia dos sumos sacerdotes e anciãos do povo que se apropriaram indevidamente da Lei de Deus. A cegueira espiritual desses dois grupos era tamanha que não foram capazes de reconhecer Jesus como o Cristo e rejeitaram o próprio Deus feito homem.
A Parábola dos Vinhateiros Homicidas revela a forte rejeição de alguns líderes do povo a Jesus. Eles haviam recusado a mensagem dos profetas, simbolizados pelos empregados enviados aos vinhateiros. Agora, recusavam o próprio Filho de Deus. A vaidade, a soberba e autossuficiência havia tomado conta do coração desses homens de fé. A cegueira espiritual não lhes permitia vislumbrar o horizonte de sentido que despontava diante deles. (v. 42) A pedra angular é a pedra fundamental utilizada nas antigas construções. Reconhecer Jesus como a pedra angular é reconhece-lo como o fundamento da Igreja e a base do nosso agir cristão. Ao rejeitar Jesus, as autoridades rejeitaram a novidade do Reino e a graça da salvação. (v. 43) Eles se fecharam para a ação amora de Deus em suas vidas e deixaram de desfrutar da vida e da libertação que o Senhor preparou para o seu povo.
A vaidade, a soberba e autossuficiência que tomou conta do coração dos sumos sacerdotes e dos anciãos do povo também podem cegar o nosso coração. Muitas vezes, criamos uma imagem distorcida de Deus conforme os nossos interesses, construímos todo um discurso teológico para justificar o nosso agir ou até mesmo criamos uma doutrina própria para escondermos nossas fraquezas. O desenvolvimento das tecnologias e dos meios de comunicação ajudam a potencializar tudo isso, oferecendo-nos uma série de conteúdos e informações para fundamentar nossas convicções. Precisamos tomar cuidado para não rejeitarmos o Senhor. O fechamento em nossos ideais e interesses podem nos tornar resistentes à ação de Deus. Não podemos construir uma imagem caricaturada de Deus à nossa imagem e semelhança, mas devemos nos abrir para a ação de Deus e deixar que o Senhor molde o nosso ser e realize sua obra em nós.