Evangelho Lc 12,54-59

Caros irmãos e estimadas irmãs!

O nosso Mestre Jesus segue ensinando lições importantes para vivermos nesse mundo: a capacidade de interpretar os acontecimentos da vida. Os povos de todas as culturas possuem especialistas na interpretação dos acontecimentos do cotidiano e de eventos especiais. Na época em que Jesus viveu não era diferente: “quando vedes uma nuvem vinda do ocidente, logo dizeis que vem chuva; quando sentis soprar o vento do sul, logo dizeis que vai fazer calor”. Jesus admite a existência dessa capacidade das pessoas.

Ele exige que os especialistas saibam interpretar coisas mais profundas dos acontecimentos presentes. A nossa Igreja católica denomina de sinais dos tempos. Os especialistas devem contribuir para o bem do povo de Deus apontando as perspectivas novas de vida. Sem os especialistas que possam refletir, meditar e discernir os acontecimentos podemos ficar desnorteados. Por isso, a Igreja católica continuamente assumiu esse papel importante para ajudar a caminhada como povo de Deus. O mundo de hoje corre cada vez mais rápido. Exige grupos de pessoas que realizem as análises de conjunturas de cada país e do mundo. Essas análises orientam os caminhos por onde devemos seguir. Sem dúvida, são importantes especialistas de diferentes outras áreas de conhecimento. É um serviço assumido com seriedade para não sermos chamados de “Hipócritas… Como é que não sabeis interpretar o tempo presente? Por que não julgais por vós mesmos o que é justo? ”

O nosso tempo presente é cada vez mais rápido e complexo. Jesus se sentia interpelado a responder o seu presente, as atitudes de diversos grupos de pessoas que o rodeavam e o seguiam. Um dos momentos importantes para o sério discernimento é a oração. Jesus do Evangelho aparece várias vezes sozinho e em lugares afastados das multidões para rezar. As escolhas importantes ele o faz após a oração. O Espírito de Deus é que concede a Ciência, Conhecimento, Discernimento, Sabedoria, Conselho. Os especialistas iluminados pela Sabedoria divina com a colaboração dos conhecimentos das ciências humanas devem compreender os acontecimentos atuais a partir do projeto de vida de Deus para nós, para a humanidade.

A Igreja católica aqui no nosso Brasil e na América latina se convencionou utilizar o método Ver, Julgar e Agir. A partir desse método os especialistas nos ajudam a compreender como está o nosso mundo hoje. Em segundo momento interpretam os acontecimentos à luz da Palavra de Deus e do magistério da Igreja. Assim entendemos que nem todos os acontecimentos estão conformes ao Projeto de Deus, mas são situações humanas que desagradam ao nosso Deus e destroem a convivência humana. Em seguida planejamos caminhos e ações para a superação das situações negativas e fortalecer a práticas boas que as comunidades e sociedades desenvolvem. Posteriormente foram acrescentando outros momentos importantes como a Avaliação e Celebração. Sobre essa capacidade que Jesus diz: “Quando, pois, tu vais com o teu adversário apresentar-te diante do magistrado, procura resolver o caso com ele enquanto estais a caminho.”

O caminho é que proporciona a busca, o diálogo, compreensão, paciência, ouvir o outro, parar, avançar até atingir o objetivo. Por isso, Jesus não parava de caminhar e anunciar o Reino de Deus. Ele não ficava somente em alguns lugares estruturados, mas seguia um itinerário, era um itinerante, um peregrino. Papa Francisco nos orienta também construirmos uma Igreja em saída às periferias existenciais e geográficas. Ao longo do caminho que poderemos tornarmos uma Igreja samaritana, Igreja atenta e solidária às necessidades. Tornamos uma Igreja para e atende. Tornamo-nos pessoas cuidadoras das pessoas e motivadas para realizar ações a favor da vida. A sabedoria da interpretação deve ser vivencial e não somente teórica. Todos precisamos sentir e ver as atitudes novas que brotam da nova maneira de compreender a presença do Reino de Deus entre nós. Só assim tornamos sinais e mensageiros do amor de Deus por nós e pela humanidade.