Enfim, o mês missionário ficou para trás. Não que a missão tenha acabado. Pelo contrário, a missão continua afinal, a vida é missão! Iniciamos hoje o mês de novembro. Um bom começo, pois no seu primeiro dia, a Igreja católica, celebra a Festa de Todos os Santos. Oportunidade para recordar os santos e mártires conhecidos e não conhecidos, canonizados oficialmente e não canonizados. Muitos deles presentes na devoção popular. Pessoas que deram a suas vidas pelo Reino.
Ser santo é a nossa vocação universal. Todos e todas somos chamados à santidade, independente de ser padre ou freira. Esta vocação é a de todos os cristãos, independente de um reconhecimento oficial ou não. Engana-se quem pensa que, somente quem está diretamente ligado ou dentro da igreja, são os chamados à vocação a santidade.
Alguns hagiógrafos, que são aquelas pessoas que estudam e escrevem sobre a vida dos santos, afirmam que o movimento iniciado por São Francisco de Assis, era tão revolucionário para a época, que a igreja tratou de canonizá-lo, para ver se detinha o seu movimento. Nunca é demais lembrar que, neste período histórico, vivíamos a Idade Média (476 e 1453) e Francisco provocou um reboliço dentro da igreja, por causa de suas ideias, voltadas para a realidade dos pobres da época. Uma igreja ornada em riquezas e que não tinha olhos para os pobres, defendidos pelo jovem de Assis. Evidentemente que o tiro saiu pela culatra, uma vez que, os seguidores de Francisco, deram conta de levar adiante o seu legado, felizmente.
Assim que cheguei à Prelazia de São Félix do Araguaia, vindo de São Paulo (1992), curioso que era, depois de ler vários escritos de Pedro, fui perguntar a ele, qual era a sua concepção de santidade. Queria saber se a sua ideia, batia com as suas poesias, por exemplo. Disse-me ele: “santidade é encurtar o caminho entre eu e Deus, através das ações libertadoras que faço, tendo os pobres como destinatários”. Coisa que não vou conseguir, pois a igreja não iria querer ter na sua história, um rebelde e teimoso ribeirinho, concluiu a sua fala.
A vida requer decisões permanentemente. Decidir para viver! Decidir por viver! Decidir pela vida! Todas as decisões trazem em si as consequências, seja de um lado ou de outro. Não há espaço no viver, para as pessoas indecisas. Aquelas pessoas que passam grande parte das suas vidas em cima do muro, ou decidindo pelo lado mais conveniente, que lhes traga algum benefício, privilégios, comodidade. Há quem diga que o estar em cima do muro é estar no espaço que pertence ao “demônio”. Certo é que quem não se decide, passa a viver pela metade e não na integralidade que o horizonte histórico nos chama a viver.
Fato é que, quem toma as suas decisões para si, faz também as suas opções na vida. Isto fica muito claro no atual momento que estamos vivendo, na reta final das eleições municipais. É um tal de se agarrar a uma “boquinha” no serviço público! Aqueles que estão pendurados em alguns galhos da gestão municipal então, nem se fala. Para estas pessoas, a decisão que fazem é para continuar usufruindo dos privilégios. Não são decisões que levam em conta os interesses e projetos que beneficiem a coletividade.
Decidir para viver! Decidir por uma vida de santidade não é nada fácil. Requer estar em sintonia com aquilo que Jesus defendeu, ou seja, a busca incessante pelo Reino aqui e agora. Não como algo que se projeta para fora da história, mas que precisa ser construído nas ações cotidianas das quais dizia Pedro. É se colocar em prontidão como nos diz o texto da primeira leitura da liturgia de hoje: “Estavam de pé diante do trono e do Cordeiro”. (Ap 7, 9). Santidade que não se trata de algo piegas, ou de pessoas ingênuas, que ficam revirando os olhos, ou olhando somente para o céu, mas que seja alguém capaz de ter em si as mesmas atitudes que teve um certo Galileu.
O mundo precisa de pessoas renovadas. Pessoas de ideias que façam o novo e diferente. Pessoas que decidam, priorizando a vida dos mais necessitados. Pessoas que decidam por viver a causa dos pequenos. Outro mundo precisa ser inaugurado, onde aqueles que decidem pelo lado de lá, sejam derrotados, juntamente com os seus projetos de morte anunciada dos pequenos. Que as Bem-Aventuranças anunciadas por Jesus no texto de Mateus hoje, seja a cartilha para as nossas decisões! Que a rebeldia e teimosia de Pedro sejam nossas anfitriãs, rumo à utopia do Reino.