Economia solidária

Domingo, (22) Dia do Senhor! Neste dia, a Igreja Católica, celebra a festa da Solenidade de Cristo Rei. O Evangelho de hoje, trás para nós a narrativa de Mateus sobre o JUÍZO FINAL. Um texto especificamente deste evangelista que narra para nós, qual será o conteúdo deste juízo final. Os homens vão ser julgados pela fé que tiveram em Jesus. Fé que significa reconhecimento e compromisso com a pessoa concreta de Jesus, identificado com os pobres e oprimidos, marginalizados por uma sociedade baseada na riqueza e no poder. E, ao contrário do que muitos pensam, o julgamento não será pela vivência assídua dos sacramentos, mas pela realização ou não de uma prática de justiça em favor da libertação dos pobres e oprimidos.

Muito se falou na igreja sobre este tenebroso Juízo Final. Infelizmente dando ênfase a uma PEDAGOGIA DO MEDO, ou de um moralismo exacerbado, como se fosse uma coisa pavorosa de um Deus pronto a castigar àqueles e àquelas que não trilhassem este caminho macabro. Deus, aqui visto não como um Pai amoroso e misericordioso, mas como aquele verdugo, pronto a jogar nas masmorras do inferno, os filhos e filhas errantes. Movidos por uma visão extremamente moralista, condenaram o corpo e a sexualidade como coisas pertencentes ao demônio. Visão esta nada condizente com o que Jesus anunciou e que o texto de hoje elucida para nós: “cumprir toda a justiça” (Mt 3,15), como condição para participar da vida do Reino.

Reino de Deus prenunciado num dos eventos marcantes para nós nestes últimos tempos: “A Economia de Francisco”. Três dias de um encontro de Jovens, promovido pelo Papa Francisco, na cidade de Assis, encerrado neste sábado (21) de novembro. Tal evento envolveu cerca de mais de 2.000 empresários e estudantes de economia com menos de 35 anos de idade, de 120 países diferentes. Importante salientar que a delegação brasileira era uma das maiores presentes neste evento tão importante.

Pensar uma economia diferente da que aí está. Este foi o grande desafio do evento em Assis. Os jovens empresários, empreendedores, economistas e estudantes ali presentes, foram desafiados a pensar uma economia inclusiva, visando o desenvolvimento integral do ser humano e que respeite a MÃE TERRA, a Casa Comum, “tão maltratadas e despojadas”, e ao mesmo tempo “os mais pobres e os mais excluídos”, desprezados e alijados das economias que visam o rentismo do mercado e o lucro a qualquer preço. O Papa conclamou os jovens presentes a agirem com ousadia e sem medo, uma vez que: “Vocês sabem que precisamos de uma narrativa econômica diferente, precisamos agir com responsabilidade pelo fato de que o sistema mundial atual é insustentável, sob diferentes pontos de vista”.

No dia de hoje também a igreja celebra o Dia Nacional dos Leigos e Leigas cujo tema compromete: “TESTEMUNHO E PROFECIA A SERVIÇO DA VIDA.” O versículo escolhido tem tudo a ver com o evangelho do dia de hoje: “Eu vos chamei a serviço da justiça.” (Is 42, 6) Leigos e leigas, com um papel bastante definido, na caminhada das nossas comunidades. Ai da Igreja, não fosse a atuação dos leigos e leigas nos serviços de nossas comunidades! . Somente uma postura equivocada do clericalismo, tão presente em nossas comunidades, para não saber reconhecer o quanto eles e elas fazem pelo Reino, cuja missão é fazer que surja uma sociedade conforme a justiça e o direito.

Justiça e direitos tão negados nos dias de hoje. Que o digam aqueles que habitam no andar de baixo de nossa sociedade. Pobres e excluídos de participar da ceia de mesa farta dos grandes e poderosos, que constroem as suas riquezas, da exploração dos mais pobres. Riqueza construída não com trabalho suado, mas dos lucros fáceis de um capital construído com o suor e o sangue dos pequenos.

Vivemos numa sociedade onde prevalece a luta de classes. De um lado, aqueles poucos que muito tem e não se contentam ainda com o que tem; de outro, aqueles que não têm nem o necessário para viver com dignidade. O conflito existe e é real, por mais que o cadáver insepulto que (des)governa o país, através de uma política necrófila, afirme que esta situação está sendo criada por seus adversários políticos. Foi o que afirmou no Discurso na reunião do G20. Sem prestar qualquer tipo de solidariedade à família de João Alberto, morto por seguranças do supermercado Carrefour, insistiu em dizer que há um movimento político para “destruir” a diversidade e dividir os brasileiros. Que venha a economia de Francisco e prevaleça a justiça do REINO!