Advento é tempo de piedosa e alegre expectativa para a segunda vinda de Cristo e para o natal

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A Igreja inicia no próximo domingo, 29 de novembro, o Tempo do Advento, período que antecede e prepara para a celebração da Solenidade do Natal, o nascimento de Jesus. Mas este tempo especial tem outra característica importante: é período em que os corações se voltam para a expectativa da segunda vinda do Cristo no fim dos tempos.

Essa dupla característica do Tempo do Advento foi destacada pelo bispo de Paranaguá (PR) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Edmar Peron, em live promovida pela editora Edições CNBB. Na ocasião, dom Edmar conversou com os assessores responsáveis pelos setores Pastoral Litúrgica e Música Litúrgica, respectivamente, padre Leonardo Pinheiro e o irmão jesuíta Fernando Vieira.

“Nós iniciamos o Advento com aquela característica do retorno do Senhor, a vinda gloriosa do Cristo. Esperar a vinda, um dos aspectos dos primeiros domingos do Advento, é a vinda no final dos tempos, a manifestação gloriosa de Jesus. As leituras falarão disso, as orações falarão disso e os cantos precisarão falar também dessa espiritualidade”, afirmou dom Edmar.

Mais à frente, do terceiro domingo em diante frente, o olhar é voltado para o Natal especificamente. “É como se a liturgia dissesse assim: ‘O Senhor não retornou ainda, e por isso então, voltemos nosso olhar para o Mistério da sua encarnação, o nascimento em Belém’”, ensina dom Edmar.

Assim, a dinâmica da dupla característica do Advento divide-se em duas partes: os primeiros dois domingos, normalmente, eles ajudam a olhar para o Senhor que vem, “eis que de longe vem o Senhor, aquele que voltará em sua glória”. O terceiro domingo marca a passagem para a outra expectativa. “Agora nos voltamos para o mistério do Natal, o mistério do nascimento do Senhor. Se todo o tempo é de alegre expectativa, o terceiro domingo reforça esta característica de todo o Tempo do Advento”, explica dom Edmar Peron.

A dupla característica sobre o Tempo do Advento está descrita nas Normas Universais do Ano Litúrgico e do Calendário, documento no qual se justifica que o Tempo do Advento “se apresenta como um tempo de piedosa e alegre expectativa”.

Cuidados e preparação

Durante a live promovida pela Edições CNBB, no dia 10 de novembro, dom Edmar, irmão Fernando e padre Leonardo ainda ressaltaram cuidados na preparação litúrgica desse tempo.

“O modo como nós organizamos e tornamos ornado ou não o espaço, nos ajuda a bem celebrar. Conta o lugar, a organização desse lugar, mas conta, principalmente, o canto. Tudo no espaço celebrativo, na organização da liturgia e, especialmente dos cantos, precisa guardar esta dupla característica: a vinda gloriosa do Senhor no final dos tempos e a sua manifestação, nascendo de Maria por obra do Espírito Santo”, disse dom Edmar, reforçando a importância de cuidar do espaço e da música litúrgica.

Ao reforçar o ensinamento da constituição conciliar Sacrossantum Concilium – sobre a Sagrada Liturgia, de que a música é parte integrante da liturgia, irmão Fernando Vieira orientou sobre a escolha dos cânticos para as celebrações deste tempo.

“Cada domingo, tanto no Lecionário, quanto no Missal, está tudo pronto lá dentro. Existem as antífonas para a entrada, as antífonas para a comunhão. No caso do canto da comunhão, eu posso escolher ou a antífona que está pronta lá no missal para cada domingo ou um canto que faça uma ponte, uma ligação com o Evangelho daquele domingo do Tempo do Advento”, orientou.

Alegre expectativa para o encontro

Dom Edmar ainda fez uma reflexão sobre a necessidade de refletir durante a preparação para a chegada do Salvador sobre nossos sonhos, sobre aquilo que trazemos em nossos corações dentro da realidade em que estamos vivendo no Brasil e no mundo, sobre as nossas expectativas.

“Sonhar pode sim fazer com que nossos corações se preparem com alegria para o encontro. Essa para mim é a segunda característica importante. Advento tem que incutir em nossos corações a possibilidade de um encontro. O encontro definitivo com o Senhor, aquele que se dará no último dia, na sua manifestação gloriosa, em nossas vidas, para o mundo inteiro, para toda a criação, o cosmo todo. E o encontro com o Senhor no nascimento concreto, no mistério da sua encarnação em Belém. Alegria precisa estar sempre ligada a sonhos, utopias e ao encontro. Quando nos encontramos com a pessoa amada, aí sim a alegria chega ao seu auge”.

Indicando a necessidade de “fugir” de uma compreensão intimista desse encontro, dom Edmar sublinha que, no Natal, a humanidade que se abre ao novo: “é a terra inteira que acolhe o Salvador e eu, com o mundo todo, no meio daqueles que os anjos dirão na noite do Natal, paz aos homens que Deus ama. Isto é, a pessoa humana amada por Deus”.

Fonte: CNBB