Domingo da alegria (13). Alegria porque ELE está a caminho. Já aponta na esquina de nossas vidas. ELE vem como o grande Messias esperado. O povo de Israel o esperava ansiosamente, mesmo acreditando que, antes de sua vinda deveria reaparecer o profeta Elias. Aquele que viria como Salvador e que os judeus denominavam Profeta. O Salvador esperado. O Messias que iria libertá-los da miséria e da dominação estrangeira. ELE já está entre nós! “Entre nós está e não o conhecemos!”.
Domingo de alegria e também de Santa Luzia (238 d.C a 304 d.C). Santa Lúcia de Siracusa, ou mais conhecida como Santa Luzia. Segundo a tradição Católica, ela é a protetora dos olhos. Nascida numa família rica de Siracusa, fez a opção por seguir Jesus, negando a converter-se aos deuses romanos. Por causa desta sua atitude, um soldado, a mando do imperador, arrancou-lhe os olhos e os entregou num prato. Entretanto, milagrosamente, nasceram-lhe no rosto dois lindos olhos, sãos, perfeitos e mais lindos do que os primeiros.
A comunidade de Santa Luzia foi uma das primeiras que visitei na minha chegada à Prelazia de São Félix do Araguaia. Ficava numa área de difícil acesso, em meio a floresta. Depois de muito rodar com a minha bicicleta, acompanhado da Irmã Marinez, chegamos, enfim àquela animada comunidade. Todos e todas já estavam nos esperando, através do comunicado da “rádio cipó”. Celebramos, batizamos e casamos naquela “desobriga”. E para fechar a visita, dançamos um animado forró, para voltar novamente no ano seguinte.
A LUZ chegou até nós! Bem vinda ó luz! Luz que veio para clarear as nossas vidas e rejuvenescer os nossos horizontes de esperança. “Deus disse: Que exista a luz! E a luz começou a existir. Deus viu que a luz era boa. E Deus separou a luz das trevas: à luz Deus chamou dia, e às trevas chamou noite” (Gn 1, 3-4) Uma narrativa fantástica da criação, não como um tratado com os rigores científicos acadêmicos, mas como um belo poema, capaz de contemplar o grande Universo, como Criatura de Deus.
Jesus proclama a si mesmo como a LUZ do mundo. “Eu sou a luz do mundo. Quem me segue não andará nas trevas, mas possuirá a luz da vida”. (Jo 8, 12) É esta luz que João Batista está nos anunciando no dia de hoje, neste terceiro Domingo do Advento. (Jo 1,6-8.19-28) Se antes ele era o precursor, que veio “preparar os caminhos do Senhor”, aqui ele vai dar testemunho de que ELE já está no meio de nós. A missão do Batista aqui é de testemunhar a presença viva do Messias, já presente no meio de seu povo.
Este é também o desafio que nos é colocado para as nossas vidas no seguimento de Jesus. Ser como João Batista e dar testemunho da LUZ. Esta luz que é o próprio Jesus. Não uma luz que se coloca nas alturas, distante e inacessível. Mas uma luz que se faz presente na caminhada do povo, assumindo as suas dores. Quando assumo caminhar nesta luz, me faço também um com Jesus, sendo também luz na vida das outras pessoas.
Vivemos dias de profunda escuridão, é verdade. As trevas tomam conta do nosso cotidiano. Esta escuridão se manifesta nas trevas, que representam a esfera natural de todos aqueles que odeiam o bem e praticam o mal. Estes são aqueles que estão crucificando os pobres na historia. Os que temem a luz são aquelas pessoas, cujas ações são más (Jo 3,19-20). Geralmente, aqueles que têm algo a esconder, odeiam a luz e amam a escuridão. Muito embora, é impossível esconder algo de Deus.
Enfim, domingo de alegria. Uma nova vida chega até nós. A luz da vida se faz presente na simplicidade de uma criança que vem estar conosco, mostrando-nos a predileção de um Deus que muito nos ama e não nos abandona jamais. Eu Sou é um conosco! Luz para iluminar as nossas trevas cotidianas. Sem ELE, nada somos! Com ELE tudo podemos! Que a luz d’ELE seja nossa companhia e brilhe sobre a nossa noite escura dos falsos Messias. Que santa Luzia nos abra bem os olhos e nos faça enxergar a verdadeira luz, clareando as nossas mentes e coração para vermos os irmãos e irmãs que padecem desamparados. E, como testemunhas proféticas do Reino, Pedro nos alertava quanto o nosso papel como Igreja que quer ser de Jesus: “Denunciar a iniquidade do mercado total, do consumismo desenfreado, do lucro excluidor das maiorias. Fazer da Fé cristã luz e força para combater esse sistema de iniquidade que mata de fome milhões de pessoas da grande família de Deus deve ser o papel da Igreja”. (Pedro Casaldáliga)