Sextou mais uma vez (18) e eu estou aqui iniciando os meus rabiscos diários. Sempre na tentativa de levar as pessoas a refletirem, neste contexto de pandemia. Na tentativa de ser uma luz no fim do túnel, nestes dias sombrios que nos cercam. Algo bem simples, bem o sei, mas é a minha pequena contribuição, a partir deste lado do mundo, tendo o Araguaia e o legado de Pedro, como fontes de inspiração.
As redes digitais têm disso. Não temos a exata dimensão daquilo que nelas postamos. Certo é que, algumas pessoas, tem se manifestado positivamente a respeito destas palavras que ora vou postando por aqui. Como é o caso da dona Maria Regina, de 77 anos de idade, mãe da amiga Silvia, dos bons tempos de PJ. Ela fica aguardando ansiosamente pelos meus rabiscos. Certamente, uma mulher simples, acostumada também com as pequenas coisas da vida. Uma mulher que dedicou grande parte da sua vida, ao trabalho na Igreja como catequista desde os seus 15 anos de idade. Muito lindo isso!
Dia desses recebi uma ligação de um pastor da Igreja Batista, que reside no interior da Bahia. Ele havia descoberto o meu contato, e estava ligando, pedindo autorização para ler um dos meus textos em suas Igrejas por lá. Fiquei tão lisonjeado com a sua ligação, que nem pensei duas vezes, para dizer-lhe, que ele podia fazer como desejava. Imediatamente pensei na palavra “Oikouméne” (Ecumenismo), que é o processo de busca de por um caminho comum/unitário para a vivência da fé.
Mas nem tudo é alegria entre nós. Nas últimas 24 horas, o Brasil registrou a triste marca de 1.054 vidas ceifadas e 30.355 casos de covid-19. Já somos 3.532.330 de infectados. Números estes, que não quer dizer muita coisa para os nossos (des)governantes, pois os tratam como algo normal, afinal, todos haveremos de morrer um dia. A notícia boa ficou por conta do Supremo Tribunal Federal (STF). O ministro Ricardo Lewandowski, autorizou nesta quinta-feira (17) que estados e municípios possam importar e distribuir qualquer vacina contra Covid-19, desde que registradas pelas principais agências reguladoras internacionais. A Suprema Corte dando uma dentro, afinal.
Na minha oração de hoje, contei com a presença de um dos ícones da nossa MPB. Amanhã vai ser outro dia. Já cantava o nosso Chico Buarque com a sua canção “Apesar de Você”. Sonhamos com a expectativa de viver esse novo dia. Já nos cansamos de tantas tragédias entre nós. Como dizia um amigo meu: “não merecemos tanta praga ao mesmo tempo, se lá no Egito, elas vieram uma de cada vez”. Entretanto, nem isso nos impede de sonhar com um amanhã diferente, em que possamos, enfim, viver na integridade como filhos e filhas de Deus. Nunca devemos nos esquecer de que o nosso Deus é o Senhor a História. ELE a tem em suas mãos. Assim, Somos chamados a viver na história. Não fora dela. O desafio maior é transformar esta história, mesmo sabendo de todas as dificuldades possíveis e imagináveis. Um cristianismo que não se insere neste contexto dos destinos da comunidade/sociedade é a negação do cristianismo.
O Profeta Jeremias, que exerceu a sua missão profética no final do século 7 e início do século 6 a.C, assim se referiu quanto a vinda de Jesus entre nós: “Eis que virão dias, diz o Senhor, em que farei nascer um descendente de Davi; reinará como rei e será sábio, fará valer a justiça e a retidão na terra”. (Jr 23, 5) Este texto, manifesta para nós a esperança de um futuro não muito distante, em que Deus atuará na história, como um rei justo, que governará o seu povo conforme a JUSTIÇA e o DIREITO.
Como estamos ansiosos por este dia! A esperança que vence o medo, aponta no horizonte próximo. Esperança que renasce no olhar de uma criança. A cada descoberta feita. Neste sentido, lembro-me de um grande amigo, cujo sonho maior, era o de conhecer Pedro pessoalmente. Programamos então o encontro entre os dois. Eis que chegou o dia e lá estava ele, frente a frente com o seu ídolo. Chorava copiosamente diante do profeta. Porque você está chorando, perguntou-lhe Pedro? Porque sempre sonhei com este dia e não estou acreditando que chegou, disse ele a Pedro. Ao término deste encontro, Pedro apenas lhe disse: viva intensamente estas palavras: fé, esperança, teimosia/resistência e utopia. Nem preciso dizer que meu amigo foi embora como o homem mais feliz do mundo, cheio de esperança em seu coração.