Jesus Cristo, o desconhecido

Caríssimos:

          Neste terceiro Domingo do Advento, a Liturgia apresenta a figura de João Batista, encarregado de anunciar o Messias presente. Mas era ainda desconhecido.

          João Batista “veio como testemunha, para dar testemunho da luz”.

          As testemunhas, nas aulas dos tribunais, são determinantes para absolver ou para condenar um réu. Testemunha é quem presenciou, ou tem conhecimento pessoal de um acontecimento ou de uma pessoa.

          A testemunha falsa comete um crime muito grave, por ser causa de uma sentença injusta. João Batista, no entanto, conhecedor dos planos de Deus, dá um testemunho verdadeiro, cheio de entusiasmo, apaixonado.

          “O Verbo é a verdadeira luz, que, vindo ao mundo, ilumina todo homem.” (Jo 1, 9)

          A testemunha deve ter caráter e coerência, porque, muitas vezes, por amor à verdade, encontra oposição de quem defende seus interesses escusos.

          Assim aconteceu a João Batista. Anunciou a presença da Luz. Quis preparar o caminho do coração e da mente para serem inundados pela Verdade. Mas houve quem não gostava da Luz, que desmascarava seu comportamento contrário à Lei de Deus. Falou a verdade. Pagou com sua vida.

          João Batista tinha caráter. Tinha coerência.

           No calor da batalha eleitoral, quantas vezes a gente notou, também em quem se diz católico, manifestações de falso testemunho. Foi triste escutar acusações inverídicas, sem fundamento, tentando infamar pessoas diante da comunidade e do próprio bispo.

          Deus lhes perdoe, porque não sabem o mal que fazem. Ou sabem? !

          Parece que, apesar de 2000 anos de cristianismo, ainda Jesus Cristo é desconhecido.

          Há muita ignorância religiosa. Há confusão de conceitos, em que se mistura a pureza da mensagem evangélica, do amor a Deus, do serviço ao próximo e do compromisso pessoal, com práticas de “videntes”, que vendem aos crédulos, receitas duvidosas de fácil sucesso na vida.

          Há desconhecimento de Jesus Cristo na coerência da fé, recebida na tradição da família e da comunidade. Isto acontece onde reina a lei do interesse próprio, do “tirar vantagem” à custa dos outros e com todos os meios, lícitos ou ilícitos.

          O grande jubileu, nos fez propostas que nos devem levar:

  1. A resgatar a dívida social. Isto significa: garantir a todos as condições mínimas de vida digna no trabalho, na remuneração condigna ao trabalhador, à garantia da saúde, da alimentação, da educação, da segurança.
  2. Superar as causas da divisão entre cristãos. Esta ação deve, antes de tudo, partir da unidade e da harmonia entre as comunidades dos católicos.

          Sentiremos assim a alegria de sermos testemunhas autênticas da presença de Cristo dentro do terceiro milênio cristão.

          Com Maria, modelo de fé, caminhemos rumo ao novo milênio.

 

Cartas Pastorais
Dom Giovanni Zerbini