Eis que surge mais uma quarta-feira (13) pandêmica. As notícias que nos chegam entristecem-nos. Ontem fiquei sabendo que somente no Rio de Janeiro, 80 médicos perderam as suas vidas na linha de frente do enfrentamento da Covid-19. Fora os demais profissionais da saúde, que também perderam as suas vidas. O Virus segue aprontando das suas. Hoje foi a vez do prefeito eleito de Goiânia (GO), Maguito Vilela (MDB), de 71 anos, que morreu no dia de hoje, segundo o boletim médico do Hospital Albert Einstein.
Apesar do clima assustador de tantas mortes entre nós, hoje amanheci com o coração em festa. O carteiro da minha rua trouxe-me, no dia de ontem, o livro do Curso de Verão. Nestes 34 anos de existência do curso, é a primeira vez que contribuo modestamente com o livro, tendo um dos meus escritos impressos ali. A sensação é a melhor possível, de ver ali nas últimas páginas, algo que a gente escreveu, falando um pouco da história de vida de nosso bispo, místico, poeta e profeta Pedro Casaldáliga. Confesso que chorei de emoção ao me deparar com aquelas páginas. Compartilho com vocês esta minha alegria.
No dia de ontem (12), há onze anos, perdemos uma grande mulher brasileira. Pariu do meio de nós a Dra. Zilda Arns, fundadora da Pastoral da Criança. Ela morreu em meio ao terremoto do Haiti, enquanto fazia o que mais amava, ou seja, compartilhar conhecimentos para defender a vida das crianças. Ela era considerada a “Mãe” das crianças assistidas pela Pastoral da Criança. Naquele mesmo ano (2010), dias antes de partir para o Haiti, ela esteve conosco aqui na Prelazia de São Félix do Araguaia, reunindo-se com a Pastoral e, como sempre fazia, trazia um sorriso escancarado no rosto. Mal sabíamos que esta seria a ultima vez que a veríamos entre nós.
Frente a partida tão repentina desta grande mulher Zilda Arns, lembramos de um dos escritos atribuídos ao poeta, dramaturgo e ator inglês William Shakespeare (1564-1616). No texto Menestrel, ele nos alerta que a gente “Descobre que as pessoas com quem você mais se importa na vida são tomadas de você muito depressa… por isso sempre devemos deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas; pode ser a última vez que as vejamos”. Por isso devemos viver intensamente cada momento, cada instante, pois poderá ser este o último momento.
O dia de ontem trouxe-me também um grande alento. Tudo por causa da Nota escrita por Dom Guilherme Antônio Werlang, Bispo de Lajes-SC. Nela, ele discorre sobre a desastrosa homilia do padre Elenildo Pereira, feita em uma das celebrações da Canção Nova. Num dos trechos desta nota, o bispo assim se refere: “Não consigo entender como possa haver tanta petulância, arrogância, nariz empinado e simplesmente, depois de ter recebido a imposição das mãos e a unção sagrada para o SERVIÇO, na Igreja e POR MEIO da Igreja, alguns, poucos que sejam, possam simplesmente ‘virar o arreio’, como se eles fossem o MAGISTÉRIO, mesmo em descomunhão com as posições de seus superiores”.
A nossa igreja vai mal, muito mal! Pelo menos uma parte dela. Apesar de toda uma crise sanitária de proporções avassaladoras, muitos líderes religiosos, comportam-se como se estivéssemos numa situação normal. Além disso, numa flagrante dissonância com as orientações, escrita e fala do Papa Francisco, que tem insistido sistematicamente na necessidade de a igreja abrir-se a esta nova realidade que está saindo da pandemia. Sem escutar, inclusive, o que está dizendo a Conferencia Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Por uma igreja que busca dar respostas aos anseios das pessoas, frente a um contexto de completa desilusão em meio ao futuro próximo que se avizinha.
Nossa missão é servir! Somos chamados ao serviço e não a viver de forma privilegiada. Pelo menos esta é a orientação de Jesus para aqueles que desejam seguí-lo: “Mas, entre vocês não deverá ser assim: quem de vocês quiser ser grande, deve tornar-se o servidor de vocês, e quem de vocês quiser ser o primeiro, deverá tornar-se o servo de todos. Porque o Filho do Homem não veio para ser servido”. (Mc 10, 43-44) Ou seja, Jesus nos mostra que a única coisa importante para o seu discipulado é seguir o exemplo d’ELE: servir e não ser servido. Na nova sociedade pensada por Jesus, a autoridade não é exercício de poder, mas a qualificação para serviço que se exprime na entrega de si mesmo para o bem comum de todos e todas. Nossa missão é servir! Servir sempre é a nossa missão.
O Menestrel – William Shakespeare
Começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida e olhos adiante, com a graça de um adulto e não com a tristeza de uma criança.
Aprende a construir todas as suas estradas no hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos, e o futuro tem o costume de cair em meio ao vão.
Depois de um tempo você aprende que o sol queima se ficar exposto por muito tempo.
E aprende que, não importa o quanto você se importe, algumas pessoas simplesmente não se importam… E aceita que não importa quão boa seja uma pessoa, ela vai feri-lo de vez em quando e você precisa perdoá-la por isso. Aprende que falar pode aliviar dores emocionais.
Descobre que se leva anos para construir confiança e apenas segundos para destruí-la…
E que você pode fazer coisas em um instante das quais se arrependerá pelo resto da vida. Aprende que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias.
E o que importa não é o que você tem na vida, mas quem você tem na vida.
E que bons amigos são a família que nos permitiram escolher.
Aprende que não temos de mudar de amigos se compreendemos que os amigos mudam…
Percebe que seu melhor amigo e você podem fazer qualquer coisa, ou nada, e terem bons momentos juntos. Descobre que as pessoas com quem você mais se importa na vida são tomadas de você muito depressa… por isso sempre devemos deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas; pode ser a última vez que as vejamos. Aprende que as circunstâncias e os ambientes têm influência sobre nós, mas nós somos responsáveis por nós mesmos. Começa a aprender que não se deve comparar com os outros, mas com o melhor que pode ser.
Descobre que se leva muito tempo para se tornar a pessoa que quer ser, e que o tempo é curto.
Aprende que não importa onde já chegou, mas para onde está indo… mas, se você não sabe para onde está indo, qualquer caminho serve.
Aprende que, ou você controla seus atos, ou eles o controlarão… e que ser flexível não significa ser fraco, ou não ter personalidade, pois não importa quão delicada e frágil seja uma situação, sempre existem, pelo menos, dois lados. Aprende que heróis são pessoas que fizeram o que era necessário fazer, enfrentando as conseqüências. Aprende que paciência requer muita prática.
Descobre que algumas vezes a pessoa que você espera que o chute quando você cai é uma das poucas que o ajudam a levantar-se. Aprende que maturidade tem mais a ver com os tipos de experiência que se teve e o que você aprendeu com elas do que com quantos aniversários você celebrou. Aprende que há mais dos seus pais em você do que você supunha.
Aprende que nunca se deve dizer a uma criança que sonhos são bobagens…
Poucas coisas são tão humilhantes e seria uma tragédia se ela acreditasse nisso.
Aprende que quando está com raiva tem o direito de estar com raiva, mas isso não te dá o direito de ser cruel. Descobre que só porque alguém não o ama do jeito que você quer que ame não significa que esse alguém não o ama com tudo o que pode, pois existem pessoas que nos amam, mas simplesmente não sabem como demonstrar ou viver isso.
Aprende que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém…
Algumas vezes você tem de aprender a perdoar a si mesmo.
Aprende que com a mesma severidade com que julga, você será em algum momento condenado.
Aprende que não importa em quantos pedaços seu coração foi partido, o mundo não pára para que você o conserte. Aprende que o tempo não é algo que possa voltar.
Portanto, plante seu jardim e decore sua alma, em vez de esperar que alguém lhe traga flores.
E você aprende que realmente pode suportar… que realmente é forte, e que pode ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais. E que realmente a vida tem valor e que você tem valor diante da vida! Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o bem que poderíamos conquistar se não fosse o medo de tentar.