Iniciamos hoje (25) a última semana do mês de janeiro. Mais um mês no histórico da pandemia. O vírus invisível segue aprontando das suas. Desta vez, passando por algumas mutações. Novas variantes do mesmo têm surgido, causando preocupação para a comunidade cientifica internacional. Quando pensamos que o vírus deu o que falar, ele vem com mais uma roupagem diferente. Mais do que nunca devemos manter-nos distantes e seguindo os protocolos para não sermos a bola da vez.
A vacina chegou e segue imunizando as pessoas. Já não era sem tempo! Neste final de semana foi a vez do grande cacique da etnia Xavante, do Território Indígena de Marãiwatsédé, Damião Paridzané, receber a sua dose e alertar a todos os indígenas A’uwé que devem passar pelo mesmo processo. Vacina salva a vida das pessoas, como ele mesmo fez questão de dizer ao final da sua picada. Felizmente os indígenas estão na lista dos prioritários.
A vacina chegou e o Brasil segue sendo Brasil. Vergonhosamente, o Ministério Público Federal (MPF) recebeu denúncias de que está ocorrendo desvios das vacinas. Ou seja, pessoas que não são da primeira fase do processo de vacinação estão furando a fila e deixando as pessoas da linha de frente, das unidades de saúde pelo país, sem as suas doses necessárias. Políticos e parentes de políticos atravessando a fila. Tem cabimento atitudes como estas? “Só no Brasil mesmo”, diria um amigo meu.
Só no Brasil mesmo! Enquanto uma parcela da população (22%) segue afirmando que não se vacinarão, os ricos estão correndo atrás dela e furando a fila literalmente. Engraçado é que grande parte desta elite medíocre, dias atrás, numa atitude negacionista, recusava ser imunizados com a tal da “vacina da China”. De saber que o Brasil é tido como um dos países que possui maior eficácia no processo de imunização de sua população, graças ao nosso Sistema Único de Saúde (SUS)
Diante deste contexto, vem-nos a mente uma palavra muito importante e que perdeu o seu prazo de validade para algumas pessoas entre nós. Ética é a palavra de ordem para este momento tão complicado que estamos vivendo. Ética não tem preço, mas valor. Um valor inestimável. E não dá para fazer de conta. Neste sentido, pedimos a ajuda do professor Mario Sergio Cortella, que define esta palavrinha mágica da seguinte maneira: “Ética é o conjunto de valores e princípios que nós usamos para decidir as três grandes questões da vida: ‘Quero?’, ‘Devo?’, ‘Posso?’. Tem coisa que eu quero, mas não devo, tem coisa que eu devo, mas não posso e tem coisa que eu posso, mas não quero”. Simples assim! Ou se tem ética ou não se tem. E aqui não cabe o “jeitinho brasileiro”.
Quem define o nosso jeito ético de ser é a nossa consciência. Não somos éticos para mostrar para os outros que somos. Somos éticos ou não por causa da consciência que há em nós. É ela que define se somos ou não somos. É ela que nos acusa. Todavia, se ela nos vier a faltar, a ética também baterá asas de nossas vidas. Gosto muito da ideia defendida pelo filósofo, físico, teólogo, matemático e escritor francês Blaise Pascal (1623 – 1662). Segundo ele: “A consciência é o melhor livro de moral e o que menos se consulta”.
Consciência esta que há muito deixou de existir nos dicionários de alguns dos nossos políticos. Frente a estes personagens da vida pública, lembramo-nos da grande obra modernista “Macunaíma”, do escritor Mário de Andrade (1893-1945). Publicada em 1928, ela retrata a história do “Herói sem Nenhum Caráter”. Não que fosse desprovido de caráter, mas que assumia o caráter de todos. Contrariamente ao personagem em questão, vemos muitos “Macunaimas” as avessas, presentes no cenário brasileiro. Aqueles que não dispõem de nenhum caráter, desprovidos que são deste grande valor, a começar do mandatário maior da República.
Mas falemos de coisas boas. Uma delas é a 6ª Semana Social Brasileira que estará desta vez sendo realizada em mutirão, na pluralidade cultural e étnica do Brasil, assim como no ecumenismo e diálogo inter-religioso. Na mesma toada da Campanha da Fraternidade de 2021, com o tema “Fraternidade e diálogo: compromisso de amor” e o lema “Cristo é a nossa paz: do que era dividido, fez uma unidade” (Ef 2, 14a). Lembrando que a Semana Social Brasileira foi inspirada pelos diálogos do papa Francisco com os movimentos populares na luta por Terra, Teto e Trabalho. Com a consciência límpida e tranquila, sigamos em frente, dando o melhor de nós, obedecendo ao chamado do Mestre Jesus que nos diz no Evangelho de hoje: “Ide pelo mundo inteiro e anunciai o evangelho a toda a humanidade!” (Mc 16, 15)