O Evangelho de hoje é também apresentado no dia 6 de agosto, quando a Liturgia celebra a festa da Transfiguração.
Jesus havia falado aos discípulos sobre sua Paixão, Morte na cruz e também de sua Ressurreição. Tanto que Pedro se achou no direito de reclamar com Jesus, julgando um absurdo que Ele, o Messias, tivesse que seguir um caminho tão esquisito, de humilhação, de sofrimento e desprezo. (Ver Mc 8,31 e ss.)
O ensinamento da Liturgia de hoje é bem claro: O caminho de Jesus, rumo à glória, passa através da Cruz. A salvação é concedida por meio do mistério da dor e até de uma aparente derrota.
Diante da perplexidade e de certo desânimo de Pedro e colegas, por causa das sombrias previsões de Jesus, eis um recurso pedagógico, uma experiência forte, embora rápida, uma experiência que abriu o véu, para deixar ver a glória, a beleza, algo de maravilhoso e divino.
Eis a finalidade da transfiguração de Jesus. Por um instante Deus concede aos discípulos de ver que Jesus é mesmo Filho de Deus, que triunfará sobre a morte.
É o caminho nosso na terra. Vislumbramos a beleza de acreditar em Deus, mas também somos encobertos, muitas vezes, pelos véus de uma vida de tristezas, de contrariedades e incompreensões.
Uma oração confiante e intensa nos faz ver a bondade de Deus e a capacidade de transformar tudo em motivo de esperança. “Um pedaço de paraíso recompensa tudo”, dizia Dom Bosco.
Tudo que é vida, tudo que é bom, é conquistado depois de um período de “gravidez” ou de permanência na escuridão da terra, donde brotarão flores e frutos, para a nossa alegria.
Eis a importância de descer do monte da contemplação de Deus, para viver no dia- a- dia o caminho do dever, do amor ao próximo, do serviço, para que haja vida, vida em abundância.
Aí colocamos as sementes da vida, da felicidade.
Mais um pensamento. Neste nosso tempo e também aqui entre nós, é forte o desejo e o fascínio das visões e aparições, com o perigo de ver também aquilo que não aparece. A vida cristã não consiste na procura e no vislumbre de prodígios e visões, mas no percorrer a estrada do calvário, a estrada do Filho de Deus e de Maria, a estrada de todos os homens e mulheres, que sofrem, lutam e esperam.
O jubileu do ano 2000, lembrando Jesus Cristo, que viveu a nossa realidade na casa de Nazaré, nas estradas da Palestina e no caminho do Calvário, foi para nós uma visão animadora da vida cotidiana, para que saibamos mostrar o rosto da bondade e da misericórdia do Salvador, Filho de Deus.
Brilhe no nosso rosto, iluminado pela caridade cristã, a bondade de Deus.
Cartas Pastorais
Dom Giovanni Zerbini