Queridos peregrinos, nossa caminhada quaresmal segue adiantada. Neste Quarto Domingo da Quaresma, somos convidados a contemplar o amor misericordioso de Deus. A tradição chama esse domingo de Laetare, em latim, alegria. Embora ainda estejamos em clima de penitência, somos renovados por uma profunda esperança: o amor do Pai. Deus nos ama sem medida. Na peregrinação da vida, somos confortados e amparados pelo amor do Pai.
No diálogo com Nicodemos, Jesus recorda um episódio significativo da experiência do êxodo para indicar a grandeza da sua missão redentora: a serpente de bronze. Diante da dureza de coração e da revolta dos israelitas, a imagem da serpente fundida por Moisés despontava como um sinal da misericórdia divina. Agora, a serpente de bronze nos revela o cerne do mistério salvífico de Cristo. (v. 14) Em Jesus, o Pai nos revela seu amor generoso e nos oferece a graça da salvação. No alto do calvário, o Cristo crucificado desponta para o mundo como sinal do amor de Deus pela humanidade. Da mesmo forma que os israelitas deviam voltar o olhar para a serpente para serem curados, devemos olhar com fé para Jesus para recebermos a salvação que Deus nos oferece em seu Filho. (v. 17) O Cristo crucificado é a expressão do amor radical de Deus que penetra a treva da humanidade e redime o ser humano do domínio do mal.
Ao contemplarmos a radicalidade do amor de Deus, aprendemos que no cerne do agir cristão está o amor generoso. É preciso aprender com o Mestre a amar sem medida. Só o amor é capaz de nos conduzir à salvação. O próprio Jesus nos adverte que essa verdade exige de cada pessoa uma decisão fundamental. (v. 18) Crer no Cristo crucificado é colocar-se no caminho do amor, da entrega generosa e na partilha do dom de si. A Igreja deve ser o grande tribunal da misericórdia divina, onde não existe pecado irreparável e cada cristão deve ser um apóstolo do amor misericordioso de Deus no meio das adversidades do mundo. Deus não se deixa vencer pelo mal, mas derrota-o com o amor. Amar não é se compactuar com a mentira ou ser conivente com o pecado, mas olhar com esperança para o mundo, pois Igreja que prega a verdade, defende a sã Doutrina e denuncia o pecado é a mesma Igreja que acolhe e ama o pecador.
PARA REFLETIR – Como tenho experimentado o amor de Deus em minha vida e como posso corresponde-lo?
PARA REZAR – Ao longo da semana, deixemo-nos tocar e transformar pela misericórdia divina, repetindo em nosso coração as palavras de Jesus:
“Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele.” (Jo 3, 17)