A misericórdia divina

Queridos peregrinos, no Segundo Domingo da Páscoa, a Igreja celebra a Festa da Divina Misericórdia. Essa festa foi instituída por São João Paulo II na virada do Novo Milênio a partir de uma visão de Santa Paulina Kowalska. Trata-se de um grande convite para penetrarmos no amor misericordioso de Deus que vem ao encontro de cada um de nós para transformar a nossa vida e fazer-nos novas criaturas.

O Evangelho proposto pela Liturgia para este domingo é de uma riqueza sem tamanho. A saudação de Jesus expressa a grandeza da graça que Ele oferece aos seus discípulos. Paz na cultura hebraica, םוֹלשָׁ, isto é, shalom, não é apenas a ausência de conflitos, mas a plenitude dos bens. (v. 19) O Cristo Ressuscitado comunica a restauração da humanidade ferida pelo pecado: a harmonia, a prosperidade e a realização são frutos do amor misericordioso de Deus. Essa é a grande novidade que os apóstolos devem anunciar a partir de agora. (v. 21) Apesar da sua incredulidade, Tomé é sinal da comunidade que testemunha O Ressuscitado. Jesus está vivo e é possível tocá-lo. (v. 27) Dessa experiência, brota uma belíssima profissão de fé. (v. 28) Dizer que Jesus é Deus e Senhor é reconhecer sua identidade divina e sua missão messiânica de conduzir o Povo de Deus: Ele é o Filho de Deus enviado ao mundo para redimir a humanidade.

A Páscoa é o tempo litúrgico em que somos convidados a caminhar ao encontro da vida nova que o Cristo Jesus tem para nós. Assim sendo, a palavra do Senhor a Tomé deve ressoar com força em nosso coração: “Bem aventurados os que creram sem terem visto!” (Jo 20, 29b) Num mundo marcado pela técnica e pela ciência, numa era dominada pelo empirismo e num momento de tantas crises é preciso darmos esse grande salto e acreditarmos na presença e na ação amora de Deus em nossa vida e nossa história. Ele é o centro da nossa fé. É sobre Ele e ao redor Dele que nasce a Igreja. Ele é a luz que nos ilumina, a força que nos sustenta e a esperança que nos anima. É hora de deixarmos de lado os medos e receios que ainda nos impedem de abrirmos o nosso coração ao Ressuscitado e deixarmos que Ele entre em nossa vida e transforme o nosso coração, fazendo da Igreja uma verdadeira comunidade de homens e mulheres novos.