Viver o amor

Queridos peregrinos, neste Sexto Domingo da Páscoa, a Liturgia da Palavra nos convida a uma vida enraizada no amor. Cada cristão deve ser um reflexo do amor de Deus. A vivência concreta do amor oblativo de Cristo é a garantia de uma existência verdadeiramente cristã.

Após se apresentar aos seus discípulos como a Videira Verdadeira e exortá-los à obediência dos mandamentos, Jesus sintetiza todos os seus ensinamentos no mandamento do amor. “Isto é o que vos ordeno: amai-vos uns aos outros.” (Jo 15, 17) Esse apelativo do Mestre sintetiza com muita clareza e densidade o cerne do agir cristão. O mandamento do amor convida os discípulos do Senhor a uma existência fecunda capaz de transformar o mundo com gestos concretos de amor. O cristianismo não é apenas uma crença, mas um estilo de vida. O verdadeiro discípulo de Jesus não pode ignorar esse apelo. Jesus revela aos seus discípulos que mais do que seguidores eles são seus amigos através dos quais Deus continua sua obra salvífica no mundo. (v. 15) Por isso, assim como os apóstolos de Cristo, cada cristão deve comunicar fé recebida do Senhor por meio de atitudes e palavras que refletem o agir amoroso de Deus.

Muito se fala sobre o amor em nossos dias. Talvez, essa palavra já tenha até sido banalizada pela sociedade pós-contemporânea. No entanto, o amor de que nos fala a Palavra de Deus tem um horizonte bem concreto: o Cristo crucificado. Não se trata do amor dos livros de romance, das telenovelas ou das músicas apaixonadas. O amor que cada cristão é chamado a assumir no mundo é o amor comunicado por Jesus ao se entregar na cruz pela salvação do mundo. Trata-se de um amor encarnado e criativo, que cura, liberta e transforma o mundo ferido pelo pecado. Portanto, de nada adianta dizermos que somos cristãos se no dia a dia continuamos com o coração endurecido, julgando os outros e praticando o mal. O verdadeiro cristão deve fazer a diferença no mundo, através de uma presença positiva radicalmente comprometida com o bem. Só a vivência concreta do amor é capaz de nos conferir uma existência genuinamente cristã.